Agricultura familiar impulsiona produção de seda

Os bichos-da-seda são criados por agricultores familiares em galpões e se alimentam de uma planta chamada amoreira. Os casulos são entregues para a indústria, que dá continuidade à cadeia produtiva do fio

Fonte: Divulgação

Alguns dos trajes mais sofisticados do mundo são confeccionados a partir de um dos materiais têxteis mais nobres que existem: a seda. No Brasil, a produção desse nobre tecido está ligada à agricultura familiar, que inclui a criação do bicho-da-seda, produtor do fio usado para fazer o tecido, e tem se tornado uma forte atividade e fonte de renda de muitas famílias rurais brasileiras.

A matéria-prima do tecido vem do casulo do bicho-da-seda, que produz em torno de si um único fio que chega a medir mais de 1 quilômetros. Os bichos são criados por agricultores familiares em galpões e se alimentam de uma planta chamada amoreira. Os agricultores entregam os casulos para a indústria, que dá continuidade à cadeia produtiva do fio.

A produção de casulos tem ganhado força no Brasil, principalmente no Paraná. Segundo Oswaldo Pádua, técnico agrícola do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), o estado é o que mais produz o fio da seda no Brasil, sendo responsável por 84% da produção nacional, seguido por São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Oswaldo diz que o estado do Paraná fechou a safra 2015/2016 com uma produção em torno de 2,7 milhões de quilos de casulos de seda. A expectativa é que os números da Safra 2016-2017 sejam ainda mais positivos. “A gente observa que houve um aumento de aproximadamente 3% na produção em relação à safra passada”, afirma.

Produção

O técnico da Emater explica que a atividade da agricultura familiar, para a produção do casulo, vai além da criação do bicho-da-seda. “Os agricultores precisam ter atenção também com o plantio e o manejo da amoreira. Além disso, é importante relacionar a área de plantação com o tamanho do barracão”, explica Oswaldo.

Milton Asano, de 47 anos, é um dos produtores do Paraná. Em sua propriedade, que fica em Nova Esperança, ele produz cerca de 70 quilos de casulos. Milton recebe os bichos-da-seda de uma indústria de fios paranaense e coloca em um galpão com sete caixas. Para alimentar os bichos, o agricultor planta dois alqueires de amoreira. A atividade é a principal fonte de renda da família, sendo que a produção vai de agosto a maio, gerando renda durante 10 meses.

O produtor explica que o trabalho costumava ser bem pesado, mas as tecnologias vieram para facilitar. Para ter acesso aos maquinários, políticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram fundamentais. Com os recursos, Milton adquiriu um trator e uma cortadeira, equipamentos que tem contribuído para a boa produtividade. “Antigamente a gente fazia tudo manualmente. Carregava a amoreira na carroça, limpava a roça com animais. Era um serviço muito trabalhoso”, lembra o produtor.

Mas Milton não está sozinho, já que o Pronaf também foi uma importante ferramenta para Wilson Balestre, de 58 anos, investir em sua produção. O produtor trabalha com o bicho-da-seda desde 1983. Os recursos do Pronaf foram para aumentar o barracão e para a manutenção da amoreira. “Nós construímos o barracão e tivemos cinco anos para pagar, com juros muito baixos. Isso é muito bom”, comemora Wilson. O barracão, que era de 30 metros, hoje está com 70, garantindo uma produção de 1,4 mil quilos por hectare/ano.

O técnico da Emater destaca que o Pronaf tem sido de grande importância para o sucesso da produtividade dos agricultores. “O Programa tem auxiliado muito, principalmente os produtores familiares que têm usado bastante os recursos do Pronaf. Ele tem dado um alento muito grande nesse sentido”, finaliza.