Dentro do custo operacional das propriedades rurais a conta com energia elétrica representa um dos gastos mais elevados para o produtor rural e este ano, pode ficar ainda maior. O subsídio tarifário da classe rural está previsto para acabar em dezembro. Diante do cenário, produtores buscam investimento em matrizes fotovoltaicas.
O decreto federal 9.642 de 2018 que suspende o benefício nas tarifas de unidades consumidoras com classificação rural, está marcado para acabar definitivamente no último mês deste ano, igualando a tarifa da classe residencial urbana com a rural.
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está atuando junto à Câmara dos Deputados pela revogação do decreto. Mas a redução do desconto vem acontecendo gradativamente desde 2018. Em cinco anos, 80% do subsídio já foi retirado.
“Os produtores estão sentindo o aumento no custo da energia, porque tivemos alteração das bandeiras tarifárias. A bandeira tarifária vermelha foi para um novo patamar e ainda criou-se uma nova bandeira tarifária que é a risco hidrológico. Várias propriedades já estão fechando, mesmo sem a perda do desconto noturno, pelo aumento da bandeira tarifária e perda do desconto da zona rural. Muitos pequenos estão sentindo muito forte esse aumento, não estão pagando os custos e infelizmente não conseguem ficar na atividade”, diz a assessora técnica da CNA, Jordana Girardello.
O Paraná é líder na produção de frango com participação de 38% e também da tilápia que representa 35% da produção nacional, culturas intensas no uso de energia. Agora, produtores do estado estão tendo que lidar com essas preocupações em dobro.
Além da perda do benefício federal – o desconto da zona rural – a tarifa noturna do estado também será suspensa em dezembro deste ano.
Cerca de 305 mil estabelecimentos agropecuários serão impactados com o fim de dois subsídios no mesmo mês. O que está gerando uma corrida em busca de outras fontes de energia.
“A nossa preocupação é que todos os produtores não consigam chegar a tempo de realizar esses investimentos e sair da tarifa rural noturna. A energia elétrica ela subiu 40% no desembolso do produtor, e hoje a média do estado é de 20% de participação no desembolso, ou seja a cada 1 real que o produtor está desembolsando para produzir, 23 centavos é de energia elétrica. Um custo altíssimo”, avalia o técnico do departamento econômico da Faep, Luiz Eliezer Ferreira.
Novas fontes de energia
Investir em energia renovável tem sido a opção de toda a cadeia produtiva mas principalmente na atividade pecuarista. Por isso, o mercado das energias renováveis começou a se movimentar mais nos últimos anos.
Com investimentos na matriz fotovoltaica, por exemplo, a economia nas despesas com energia pode chegar a 95%. Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que o setor rural possui 62.260 sistemas solares que abastecem as propriedades rurais em todo o país.
“Para este ano espera-se um crescimento fora da média em função da sanção da lei, porque a partir do ano que vem vai começar a ter Pis/Cofins na energia que a gente coloca na rede para pegar num segundo momento. Esse ano é um ano que está muito aquecido por causa disso, e a questão da Tarifa Noturna. Porém, no ano passado a gente teve a bandeira vermelha quase na totalidade do período, o que acabou aumentando muito essa despesa pro produtor”, diz a coordenadora regional da Absolar, Liciany Ribeiro.
Na propriedade de Ademir Griep, em Toledo (PR), o produtor fez o investimento em uma usina fotovoltaica, para gerar energia para 3 aviários. O sistema está operando há 3 meses, com mais qualidade de distribuição e economia. Antes a conta mensal custava de 9 a 10 mil reais, e o custo com cada cabeça de frango só com energia, era de 25 centavos, agora caiu para 2 centavos e ele paga a tarifa mínima.
“Antes pagava muito mais, então é uma economia, é um capital a ser pago. Hoje eu estou pagando o investimento ao invés de pagar a conta de energia. Sem falar dos outros benefícios, como a estabilidade e voltagem da rede, que antes tinha muita oscilação, pela falta mesmo de energia”.
Na suspensão do benefício federal os descontos para a irrigação e aquicultura em horário reservados não foram afetados pelo decreto e continuam válidos.