A situação na rodovia BR-163 segue bastante complicada, mesmo com a presença do exército. A cada retorno de chuvas boa parte do trajeto é interrompido para evitar novos acidentes, atolamentos e complicações. Entre sexta-feira, dia 3, e hoje (5) as Forças Armadas já interromperam pelo menos três vezes o trafego da estrada na altura do sudoeste do Pará.
A BR-163, conhecida como Rodovia Cuiabá-Santarém, é a principal ligação entre a maior região produtora de grão do país, em Mato Grosso, e os portos da Região Norte, principalmente em Miritituba e Santarém, no Pará.
O Exército e a Polícia Rodoviária Federal estão trabalhando nos pontos de retenção em apoio ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que faz a manutenção da rodovia, e à Defesa Civil de Itaituba, que presta auxílio aos motoristas e suas famílias e aos moradores dos vilarejos próximos à estrada.
Na noite de sexta-feira (3), os caminhões que estavam impedidos de seguir viagem, começaram a ser liberados no sentido do município paraense de Miritituba. Mais cedo, o fluxo no sentido sul, em direção a Mato Grosso, também havia sido liberado.
Ontem, dia 4, o tráfego na BR-163, no sudoeste do Pará, voltou a ser interrompido às 9h da manhã por causa da chuva forte na região. E só foi liberado a tarde, de maneira alternada, segundo informação do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Ou seja, a tarde o tráfego de carretas fluiu no sentido Sul, rumo a Mato Grosso. À noite, o sentido inverso, rumo Itaituba e Santarém (PA) tem tráfego liberado.
Enquanto isso equipes trabalhavam sem parar no reparo das pistas que estavam interrompidas, para tentar minimizar a quantidade de paradas e evitar acidentes.
Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa, enquanto os caminhões estavam presos nos atoleiros da BR-163 no Pará e não conseguiam voltar para carregar mais grãos, os armazéns mato-grossenses lotaram, causando transtornos, inclusive com perdas na lavoura. “É lamentável que em um País com uma produção deste tamanho ainda ocorram esses fatos.” O presidente da Aprosoja Brasil, que participa de evento Commodity Classic nos Estados Unidos, ressaltou ter ouvido duas menções aos problemas logísticos no Brasil nos últimos dias no evento.
Já do lado dos transportadores de carga, persiste o pessimismo sobre a retomada da movimentação. O presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), Pedro Lopes, ressaltou ainda que o setor, representado pelas entidades de transporte das regiões afetadas pelo problema, com o apoio da ABTC, pretende acompanhar as ações previstas pelas autoridades dentro do cronograma estabelecido para verificar como evoluirão as condições de frete na rodovia.
Lopes disse que o prejuízo para o setor tem sido estimado por muitos transportadores em R$ 1 bilhão, mas pode, na verdade, ser muito maior, pelo tempo de espera dos caminhões parados e pelas condições insalubres a que foram submetidos os caminhoneiros, sem acesso a alimentos.
Há duas semanas, por causa das chuvas intensas na região e do aumento do tráfego de caminhões carregados, vários pontos de atoleiros se formaram em um trecho de 47 quilômetros, localizado entre as comunidades de Santa Luzia e Bela Vista do Caracol. A fila de caminhões chegou a ocupar mais de 50 quilômetros.
Com informações da Agência Brasil