As informações, ativos tecnológicos e sistemas de produção para agricultura sustentável adotados no Brasil estão ganhando destaque e despertando o interesse de organismos científicos e multilaterais internacionais.
Alexandre Amaral, chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, constatou essa crescente atenção após retornar de missões recentes na Índia e na França, onde representou a Presidência da Embrapa.
Durante suas viagens, Amaral teve a oportunidade de participar de encontros estratégicos em Nova Delhi, onde se reuniu com o ICAR (Indian Council of Agricultural Research), e em Paris, onde manteve discussões com o Comitê de Agricultura da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Nessas reuniões, as lideranças dessas organizações expressaram interesse genuíno em conhecer os avanços do Brasil no desenvolvimento de uma agricultura sustentável, bem como a contribuição do país na formulação de políticas públicas.
Destaca-se também a visita de Amaral a Varanasi, na Índia, onde tratou da realização da Reunião das Lideranças de Instituições Públicas de Pesquisa Agrícola (Macs- Meeting of Agricultural Chief Scientists – G20). Esse evento, organizado pela Embrapa em parceria com o Mapa, será sediado pelo Brasil em 2024, uma vez que o país assumirá a presidência do G20.
Após as discussões em Varanasi, Amaral dirigiu-se a Nova Delhi, onde se reuniu com o chefe da área internacional do ICAR para explorar possíveis áreas de cooperação entre a Embrapa e a instituição indiana. Essas iniciativas reforçam a importância do intercâmbio de conhecimento e expertise para impulsionar a agricultura sustentável em escala global.
Projetos
As lideranças do ICAR têm como objetivo estabelecer uma colaboração estratégica em torno de pelo menos três projetos de Pesquisa e Desenvolvimento de grande envergadura.
Um dos projetos diz respeito à construção da Agricultura de Baixo Carbono no Brasil, com destaque para a bem-sucedida experiência do sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O objetivo é replicar essa abordagem na Índia, especificamente em pequenas propriedades agrícolas, uma vez que a média das áreas rurais no país asiático é de apenas 1 hectare.
Outro projeto visa o desenvolvimento de sistemas de produção de milheto para consumo humano. Atualmente, o Brasil utiliza predominantemente o milheto como ração animal, porém há uma perspectiva de que o país possa suprir a demanda da Índia por esse cereal, voltado ao consumo humano.
Por fim, destaca-se o projeto de desenvolvimento da agricultura digital para beneficiar as famílias agricultoras. Uma das propostas em discussão é a organização de um workshop online para aprofundar as temáticas relacionadas.
Em sua visita a Paris, Alexandre Amaral aceitou um convite da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para discutir a participação da Embrapa em estudos sobre “Pensamento Sistêmico, Antecipação e Resiliência”. Esses estudos estão sendo desenvolvidos em parceria com o IIASA (Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados), com sede em Viena, Áustria. O objetivo é promover análises sistêmicas que subsidiem políticas públicas para o avanço do desenvolvimento sustentável.
A OCDE busca criar cenários futuros que possam orientar as políticas públicas no enfrentamento de diversos riscos, tais como a insegurança alimentar, as mudanças climáticas, a violência urbana e até mesmo os conflitos territoriais, como guerras.
Alexandre Amaral ressaltou que muitas dessas situações podem ser mitigadas por meio da adoção de práticas agrícolas sustentáveis, as quais devem ser consideradas como um importante ativo em qualquer política pública voltada para a segurança e o bem-estar da população. Essa visão foi endossada por Jens Lundsgaard, diretor adjunto da OCDE para Ciência, Tecnologia e Inovação, que reconheceu a importância dessa abordagem nos estudos realizados pela organização.
Apoio à diplomacia
As missões da Assessoria de Relações Internacionais, tanto na Índia quanto na França, incluíram reuniões com os adidos agrícolas do Brasil naqueles países.
Em ambos os casos, estes profissionais das representações diplomáticas registraram que o trabalho da Embrapa em desenvolver a agricultura sustentável e baseada em ciência é uma referência para a Europa e Ásia e um ativo nas negociações entre o Brasil e os países dessas regiões. Eles sugeriram que a Embrapa amplie a sua participação nessas iniciativas.