Café

Região norte do Paraná se destaca pela produção de café de qualidade

Depois de ter sido implantada como um projeto do Sebrae e ter sido premiado em 2011, a Rota do Café virou um negócio lucrativo para produtores da região

café colhido nas mãos de uma pesspa
Foto: Feito no Paraná/divulgação

O Norte do Paraná é a principal região produtora de café no Estado. Mesmo com a redução constante da área plantada, saem do Paraná cafés de altíssima qualidade, premiados e que são reconhecidos por apreciadores da bebida.

Está instalada na região a Fazenda Palmeira, uma das mais antigas produtoras de café no Paraná. Localizada em Santa Mariana, a fazenda é gerida por Cornélia Gamerschlag e seu marido, Norbert. Ela conta que tudo começou com seu avô, um suíço que desistiu da carreira de industrial para se aventurar na produção de café no Brasil.

Num primeiro momento, ele se estabeleceu no estado de São Paulo. Mas em 1942 comprou terras no Noroeste do Paraná e implantou a lavoura de café. “Somos a terceira geração tocando o negócio da família. São 180 hectares, o que gera uma produção anual média de 3,5 mil sacas do grão”, conta.

A maior parte da produção de café da fazenda é destinada à exportação. Os 30% restantes ficam para o mercado interno e são comercializados para cafeterias, em leilões e direto para o consumidor final.

café torrado nas mãos de uma pessoa
Foto: Feito no Paraná/divulgação

Cornélia explica que a propriedade faz parte da Rota do Café. Isso faz com que eles recebam muitos turistas, atraídos para conhecer todo o processo, desde o plantio até a hora de servir. “Este ano, por conta da pandemia, tivemos que suspender as visitas. Mas recebemos muitos turistas, inclusive do exterior. A ideia é propiciar uma vivência, mais ou menos como acontece em vinícolas, para que o consumidor entenda todo o processo de produção, até chegar à xícara”, afirma.

Em 2020, o café da Palmeira ficou entre os finalistas da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé), maior evento de inovação em cafeicultura do Paraná e um dos maiores do Brasil.

“Os cafés classificados são leiloados. O nosso foi arrematado por duas cafeterias do estado de São Paulo. Estes concursos, além de ajudarem na promoção do nosso café, nos motiva a sempre caprichar e produzir grãos de alta qualidade”, conta Cornélia.

Para a produtora, o café paranaense figura entre os melhores do Brasil. Segundo Cornélia, o produto tem características únicas, o que o torna bastante apreciado pelos conhecedores. “Tem mais doçura e menos acidez, sendo exportados para as melhores cafeterias do mundo. Entre os conhecedores de boa bebida, o café paranaense tem um lugar bem estabelecido”, afirma.

Máquina trafegando entre fileiras de cafezais
Foto: Feito no Paraná/divulgação

Produção

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), a safra de 2020 foi de 943 mil sacas de 60 quilos, cerca de 1% maior que o ano anterior, que foi 10% a 15% inferior ao potencial de produção. A produtividade sofreu diretamente com a falta de chuvas, que também já havia prejudicado a cultura em 2019.

Cerca de 70% do café plantado no Paraná é colhido manualmente e em apenas 30% a colheita é mecanizada. Em 2020, 38 mil hectares foram dedicados à cultura no Estado.

Para fomentar a cultura cafeeira na região norte paranaense, empresários do setor resolveram formar uma associação para explorar o café como uma alternativa de turismo. Depois de ter sido implantada como um projeto do Sebrae e ter sido premiado em 2011, a Rota do Café virou negócio. Trata-se de uma experiência única, passando por todo ciclo, do pé à xícara.

café vermelho no pé
Foto: Feito no Paraná/divulgação

De acordo com Fernanda Correa, presidente da Associação Rota do Café, o grupo existe há quatro anos e tem por objetivo resgatar a história da cafeicultura no Paraná.

“A rota é um roteiro turístico que resgata toda a história do café no Paraná. Londrina foi a capital mundial do café. Hoje temos um museu que conta esta história, além de outras atrações com esta temática. O que queremos é propiciar às pessoas uma experiência única, desde a extração até a degustação da bebida”, explica.

Sete municípios participam da rota: Rolândia, Londrina, Santa Mariana, São Jerônimo da Serra, Sapopema, Ribeirão Claro e Carlópolis. Através do site da associação, os interessados podem escolher os roteiros. Mas, com a pandemia os roteiros ficaram suspensos temporariamente. A expectativa é retomar as atividades em 2021.

Torrefação 

Em Londrina, a gaúcha Cristina Rodrigues Maulaz resolveu materializar o sonho de trabalhar com a bebida que sempre gostou. Para isso, resolveu abrir uma cafeteria com um conceito diferente: oferecer ao público o melhor café feito nas redondezas. “O Armazém nasceu em 2004, logo que surgiu esta onda do café. Fomos nos especializando, fazendo cursos de barista, de classificação, degustação. Recebemos aqui cafés de pelo menos 10 pequenos e médios produtores do Paraná, além de outros quatro de Minas e do Espírito santo”, explica.

Os cafés que chegam ao armazém são torrados, moídos e ganham o nome do produtor da bebida. “Temos o Café da Cornélia, do Henrique, da Dona Angélica, do Francisco. O que queremos é aproximar estes produtores da população”, explica.

Cristina afirma que o parque cafeeiro paranaense não produz em quantidade, mas em excelente qualidade. “Cada região confere uma característica própria para o café e a gente enaltece isso na hora que torra. Temos compromisso na torrefação de ressaltar todos estes atributos para que o consumidor possa sentir isso na bebida”, explica.