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Transgênicos: CTNBio aprova nova variedade de cana resistente à broca

Novidade foi desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira e é derivada de uma das cultivares mais utilizadas no Brasil

cana-de-açúcar
Foto: CTC

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) publicou na segunda-feira, dia 17, a liberação da segunda variedade de cana-de-açúcar geneticamente modificada desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). A CTC9001BT é derivada da CTC9001, uma das mais cultivadas no país, e tem resistência a insetos. Segundo o CTC, a variedade deve atuar principalmente no controle à Diatrea spp, popularmente conhecida como broca-da-cana.

Considerada a principal praga dos canaviais, a broca traz perdas estimadas em R$ 5 bilhões à cultura no Brasil por ano, e traz quebra nas produtividades agrícola e industrial, na qualidade do açúcar e alta nos custos com inseticidas. A primeira variedade transgênica do centro de pesquisas, a CTC20BT, também resistente a insetos, foi liberada em junho de 2017 pela CTNBio. Após a autorização para plantio, as variedades precisam ser multiplicadas com a produção de mudas em escala comercial, processo que demora cerca de três anos e é feito pelos produtores.

Segundo Viler Janeiro, diretor de Assuntos Corporativos do CTC, na safra 2017/2018, cerca de 60 usinas da região Centro-Sul do Brasil plantaram aproximadamente 400 hectares da variedade CTC20BT. “Em virtude da grande procura e de não termos conseguido atender a todos os clientes, estamos nesta safra (2018/2019) suplementando o volume inicial de lançamento. Temos recebido relatos bastante positivos em relação ao controle da broca da cana com a variedade Bt, com ganhos de produtividade e redução do custo de controle”, relatou o executivo.

Com a aprovação final e registro da nova variedade, segundo Janeiro, o CTC seguirá o mesmo caminho da variedade anterior, e trabalhará junto aos produtores com a distribuição de mudas da CTC9001BT e monitoramento do plantio. “O processo de propagação de mudas é similar ao de introdução de uma variedade convencional, com crescimento gradual da área plantada uma vez que as novas plantas serão replantadas para expandir a área de plantio”, reforçou.

Apesar da modificação genética para única resistência a insetos, as duas variedades de cana transgênicas têm características distintas. A CTC20BT é plantada em ambientes favoráveis, com solos bons e com maior incidência de chuva, enquanto a CTC9001BT é indicada para ambientes mais restritivos. “Além disso, a CTC20BT é normalmente colhida no meio da safra, enquanto a colheita da CTC9001BT normalmente se realiza no início da safra”, relatou Janeiro.

De acordo com o diretor de Assuntos Corporativos do CTC, as pesquisas da instituição com melhoramento genético convencional seguem em busca de variedades de cana mais produtivas e resistentes a pragas e doenças. “Com as técnicas de engenharia genética, acrescentamos a estas variedades propriedades como resistência a insetos e tolerância a herbicidas”, informou. “Estamos trabalhando na expansão do portfólio de variedades resistentes à broca. Ao mesmo tempo, em uma segunda frente, já começamos os trabalhos para criar variedades (transgênicas) resistentes também ao bicudo (Sphenophorus levis), e tolerantes a herbicidas, como o glifosato”, disse.