O ciclone bomba que atingiu o estado de Santa Catarina nesta terça-feira, 30, causou transtornos na zona rural. Os fortes ventos — que chegaram em média a 150 km/h, de acordo com a Somar Meteorologia — destelharam casas, prejudicaram estruturas de produção e derrubaram plantas.
“Não choro, porque não consigo nem chorar”, afirma o produtor e presidente da Associação de Bananicultores de São João do Itaperiú (SC), Jorge Marangoni. Ele foi vítima do que classifica como “catástrofe incalculável”.
Pela TV e redes sociais, ele acompanhou as primeiras notícias sobre o ciclone bomba no estado. Em conversa com amigo, afirmou que eles precisariam orar para que os ventos não chegassem com tanta força à região. Mas, infelizmente, o que ele temia aconteceu.
Segundo o agricultor, para piorar, a safra inteira estava no campo, pronta para ser colhida em julho e agosto. “Meu bananal, das minhas 50 mil plantas, sobraram 12 mil no máximo. Em uma área de 18 mil pés perto da minha casa, não sobraram 2.000”, diz.
Marangoni salienta que todos os produtores da região foram afetados e estima perda de 50% na produção local. “Só os meus prejuízos, R$ 1 milhão não cobre”, relata.
O produtor lembra que por ser uma cultura perene, a banana não conta com seguro rural. “Até Proagro é difícil pegar alguma coisa. Um técnico da Epagri esteve hoje [quarta-feira, 1º] aqui e vemos tentar, junto ao Banco do Brasil, postegar os custeios. Mas, para isso, o estado terá que declarar estado de calamidade”, conta.
De acordo com o agricultor, o jeito será recomeçar. “Dos 12 mil pés que sobraram, terei que tirar o sustento da minha casa, das minhas filhas, e tratar o que sobrou das outras plantas. Mas a gente tem fé e, assim, seguimos a vida”.
População no escuro
A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) registra o maior dano da história da rede elétrica, após a passagem do ciclone. No total, 1,5 milhão de unidades consumidoras do estado ficaram sem luz. A entidade está trabalhando para recompor 90% do sistema até o fim desta quarta-feira.
Marangoni foi um dos atingidos e precisou rodar cerca de 15 quilômetros, até Barra Velha (SC), para conseguir se comunicar e tentar vender parte da produção que foi ao chão.