Além do avanço na cotação internacional de commodities agrícolas, os preços dos alimentos no Brasil têm sido afetados por problemas climáticos e pela elevação dos custos de produção, ressaltou Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Tem a questão climática, tem a questão do custo de produção, a desvalorização do real tem efeito sobre os insumos agrícolas, defensivos e fertilizantes, e também tem preço do frete, pelos combustíveis. Isso tudo acaba fazendo com que o preço final se eleve e seja repassado ao consumidor”, enumerou Guedes.
A produção agrícola brasileira deve totalizar um recorde de 258,9 milhões de toneladas em 2022.
O Brasil deve ter as maiores colheitas já vistas para o milho e o trigo. No entanto, a projeção tem diminuído a cada mês, devido a prejuízos à lavoura provocados por problemas climáticos.
A produção de soja deve somar 116,2 milhões de toneladas, uma redução de 13,9% em relação ao produzido no ano passado. A safra de uva deve ser de 1,5 milhão de toneladas, decréscimo de 13,2% em relação a 2021, afetada pela estiagem especialmente no Rio Grande do Sul. A estimativa para o tomate é de 3,5 milhões de toneladas, queda de 9,2% ante 2021.
“A gente tem visto aumento de preços de tomate em supermercados. É uma cultura bem sensível às condições climáticas, seja pela falta de chuva, seja pelo excesso. O custo de produção aumenta com maior necessidade de defensivos”, lembrou Guedes.
O pesquisador do IBGE lembra que os preços dos defensivos subiram, assim como dos adubos e fertilizantes. “Também tem um custo maior com combustíveis para o transporte. Isso tudo influencia não só no (preço do) tomate, mas também outras culturas”, lembrou.
No caso do arroz e feijão, a produção esperada para ambos atende ao consumo doméstico, dispensando a necessidade de importação.
A estimativa de produção do arroz foi de 10,7 milhões de toneladas para 2022, queda de 8,0% em relação ao produzido no ano passado, mas ainda dentro da faixa de consumo aparente dos brasileiros, estimada em 10 milhões de toneladas.
A queda na produção de arroz este ano é explicada pela falta de água para irrigação da lavoura no Rio Grande do Sul.
“É uma produção que ainda atende ao nosso consumo. No ano passado a gente teve produção recorde de arroz”, lembrou Guedes. “Grande parte do arroz já está colhida no Rio Grande do Sul, a gente espera que não tenha tanta variação (revisão)”.
A estimativa para a produção de feijão é de 3,2 milhões de toneladas, ante um consumo doméstico de 3 milhões de toneladas. Se confirmada, a safra do grão neste ano será 13,9% maior que a de 2021.
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,2 milhão de toneladas, aumento de 2,0% frente à estimativa de fevereiro. A 2ª safra de feijão foi estimada em 1,4 milhão de toneladas, um aumento de 4,5% frente à estimativa de fevereiro. Já a 3ª safra de feijão deve ser de 593,8 mil toneladas, alta de 1,7% frente à previsão de fevereiro.
“A gente está com uma produção relativamente boa este ano. Mantendo as estimativas, a gente não tem problema de abastecimento. Os preços o feijão aumentaram um pouco, mas isso se deve mais à elevação de custos”, contou Guedes.