Agricultura

Com queda de área e falta de mão de obra, produtores apostam no tabaco de inverno

Há pelo menos cinco safras o número de famílias produtoras de tabaco e a área dedicada para a cultura vem caindo no país

Há pelo menos cinco safras o número de famílias produtoras de tabaco e a área dedicada para a cultura vem caindo no país.

De acordo com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), com o gargalo na mão de obra, clima desfavorável nas últimas duas safras, baixos preços praticados na venda e encarecimento de insumos, os produtores de tabaco da Região Sul do país, que responde por 98% da produção nacional, plantam cada vez menos.

Na safra 2016/17, os três estados tinham 150.240 famílias produtoras e 298.530 hectares. Já na safra 2021/22, o número caiu para 137.618 famílias e 273.356 hectares plantados.

Tabaco de inverno

Outro ponto impactante na atividade é a escassez de mão de obra para o plantio e, principalmente, a colheita. Como geralmente é familiar, os produtores estão buscando formas de otimizar a produção. Uma das opções, além da diversificação de culturas como grãos, tem sido a divisão do plantio em duas safras: verão e inverno.

O fumicultor de Candelária (RS), na região central, Aceoli Rosa, já mantém grande parte de sua safra nesta estação. São 70 mil pés ao todo, sendo 45 mil no inverno.

Mesmo com a questão climática podendo impactar, já que o tabaco é sensível a geada, ele acredita que os benefícios podem ser maiores do que os riscos.

“Eu vejo três motivos para apostar no fumo de inverno: a primeira é eu usar a estrutura toda que fica parada no período de entressafra como os fornos, máquinas e a mão de obra; segundo que dividindo eu posso apostar mais em grãos no verão que dão boa rentabilidade como a soja; terceiro é fugir do calor. A principal safra sempre foi no verão e, às vezes, a gente trabalha com temperatura acima de 40 graus e é desgastante”, destaca Rosa.

Para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), a escolha deve ser individual, pensando na estrutura que tem e em assumir os riscos que o frio pode impactar na condição da lavoura. “O fumicultor tem que pensar que isso não necessariamente garante preço maior porque ele vai ter produto para venda na abertura da compra. Isso varia da condição de economia e mercado. A gente aconselha cautela”, diz o presidente da entidade, Joel Carlos.