Supermercados e produtores de alimento da Europa ameaçarem, em carta enviada à Brasília, boicotar os produtos agropecuários do Brasil por conta do projeto de lei 510, chamado por eles de “PL da Grilagem”.
A mobilização dos europeus não foi bem recebida pela Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, movimento formado por mais de 280 representantes de setores como agricultura, finanças, indústria e meio ambiente.
Apesar de a coalizão ser contra o PL 510, o empresário Marcello Brito, que representa o grupo, disse que as empresas europeias não têm ideia do que está ocorrendo efetivamente no país e que erraram na estratégia.
“É uma precipitação total. Essas empresas não acompanham o processo, nem sabem qual será a lei efetiva que irá à votação. Entendo que essas ações (ameaça de boicote) fazem parte do jogo, infelizmente. Mas eu não gosto desse tipo de coisa”, comentou Marcello Brito. “Temos que reagir dentro da lei, o tema está em debate.”
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A coalização reúne nomes nacionais e estrangeiros como Banco Alfa, Basf, Bayer, Bradesco, BRF, Brookfield, BTG Pactual, Cargill, Danone, Gerdau, Itaú Unibanco, JBS, Klabin, Marfrig, Natura, Nestlé, Suzano, UBS, Unilever, WWF Brasil e Youth Climate Leaders.
A discussão sobre a proposta de regularização fundiária divide o próprio agronegócio. Enquanto grandes nomes do setor, membros da coalizão, criticaram o texto original, de autoria do senador Irajá (PSD-TO), a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que reúne a maior bancada do Congresso, saiu em sua defesa. A FPA também apoia o PL 2633/20, que trata do mesmo assunto. Não se descarta, portanto, qualquer desdobramento sobre o assunto nos próximos dias e até mesmo a integração dos textos.
Por meio de nota, Irajá afirmou que está propondo uma “legislação moderna, segura, eficaz e que garanta aos órgãos de fiscalização e de controle cobrarem o cumprimento das leis ambientais, trabalhistas e a função social da terra”.