Agricultura

Fertilizantes: tensão entre Rússia e Ucrânia gera preocupação para o Brasil, diz analista

Segundo analista da Safras, a demanda por fertilizantes aguarda um cenário mais positivo para iniciarem as compras das próximas temporadas, mas tensão entre os países gera incertezas

Quando se pensa na aquisição de fertilizantes para a próxima safra brasileira, é impossível deixar de lado o peso das incertezas que as questões internacionais trazem, principalmente quando envolvem o possível conflito na Ucrânia.

“No momento, é difícil avaliar como o mercado deverá se comportar até que a situação dos conflitos tenha um panorama mais concreto. Enquanto isso, a demanda aguarda um cenário mais positivo para iniciarem as compras das próximas temporadas, mas atenta aos riscos da invasão russa na Ucrânia, que podem causar nova disrupção na cadeia do gás natural e consequentemente da ureia, além de possíveis sanções pelos Estados Unidos”, a avaliação é da analista da Safras & Mercado, Maísa Romanello.

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Foto: Gabriel Souza Martins/Embrapa

A Rússia é a mais importante origem de fertilizantes para o Brasil, tendo sido responsável, em 2021, por em torno de 25% do volume total importado. “Assim, movimentações políticas e econômicas da Rússia no mercado de fertilizantes impactam diretamente nas compras brasileiras do insumo, seja na disponibilidade e/ou nos preços”, destaca.

Em outubro, a Rússia impôs limites para a exportação de fertilizantes fosfatados e nitrogenados, o que assustou o mercado brasileiro e elevou os preços rapidamente. A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, fez uma viagem até o país para conversar com lideranças políticas e empresariais e conseguiu garantir que o fornecimento de fertilizantes para o Brasil continuasse, medida que foi fundamental para conter o clima de preocupação quanto à escassez de fertilizantes no Brasil.

Entretanto, a preocupação em relação à Rússia retornou ainda mais intensa recentemente devido aos conflitos geopolíticos que estão ocorrendo no Leste Europeu. A Bielorrússia já sofreu sanções devido ao governo ditatorial pelo qual a União Europeia e os Estados Unidos são contra. Agora, a Rússia também corre o risco de sofrer sanções severas caso invada a Ucrânia, o que, além dos problemas das sanções, traz o problema do “contragolpe”, uma vez que o país, que é o principal fornecedor de gás natural para a Europa, ameaça suspender o fornecimento caso haja sanções, o que gera consequências na produção de fertilizantes nitrogenados.

Nesta segunda-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro viaja à Rússia para um encontro com Putin. A visita já estava marcada há um tempo, mas está gerando polêmica no âmbito político devido aos conflitos que estão acontecendo na Europa, de modo que os Estados Unidos possam interpretar que o Brasil esteja prestando apoio à Rússia.

“Um dos principais temas na agenda da visita é os fertilizantes, com o objetivo de aliviar as incertezas quanto ao futuro devido às possíveis consequências que estas tensões políticas podem causar na agricultura brasileira, de modo que o governo brasileiro planeja conseguir garantias de fornecimento do insumo pela Rússia e firmar parcerias”, completa a analista.