Em Santa Catarina, as lavouras de milho verão sofreram com a ausência de chuvas e, em algumas regiões como em Campos Novos, as perdas na produvitidade superam 30%, segundo levantamento do sindicato rural do município. Em todo o estado, a projeção é de uma queda de 10% na produção da primeira safra, conforme dados da Secretaria de Estado da Agricultura e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão de Santa Catarina (Epagri).
O presidente do Sindicato Rural de Campos Novos, Luiz Sérgio Gris Filho, explica que a região, uma das mais afetadas pela estiagem no estado, enfrenta um déficit hídrico desde janeiro, cenário que afetou a produtividade das plantações. Nesta safra verão, o município plantou 18 mil hectares de milho.
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“Tradicionalmente, o rendimento médio das lavouras de milho na região fica entre 180 sacas a 200 sacas do grão por hectare. Porém, nesta safra temos uma quebra significativa por conta da ausência de chuvas, superando os 30%”, reforça.
Na região de São Miguel do Oeste, o milho da primeira safra, destinado à produção de silagem, registrou quebra de até 35% na produção e perda de qualidade, de acordo com o presidente do sindicato rural do município, Adair José Teixeira. “A última chuva expressiva na nossa região aconteceu em março de 2019. Além disso, a estiagem também está afetando a produção de milho safrinha, que já registra perdas de mais de 40% na produção”, completa.
Com a perda já contabilizada, os produtores catarinenses deverão colher 2,59 milhões de toneladas de milho na primeira safra, ainda de acordo com a projeção da Secretaria de Agricultura. Desde junho de 2019, Santa Catarina enfrenta uma severa estiagem, considerada a pior dos últimos anos, afetando, especialmente as regiões extremo oeste, oeste, meio-oeste, planalto sul, planalto norte e alta Vale do Itajaí. Situações semelhantes aconteceram apenas nos anos de 1978 e 2006.
“Já temos muitos municípios que decretaram estado de emergência em Santa Catarina e a nossa preocupação continua porque não há previsão de chuvas significativas para os próximos dias”, destaca o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.
Seca
O pesquisador da área de hidrologia Guilherme Xavier de Miranda Junior explica que essa seca tem afetado diretamente a disponibilidade de água para a agricultura catarinense. “A estiagem do ano passado foi severa, mas não foi tão abrangente como está acontecendo este ano, principalmente nos meses de março e abril . Isso vem acumulando desde junho de 2019, com uma falta de chuva em algumas regiões na ordem de 600 milímetros.
As poucas chuvas já influenciam também no nível de água dos lençóis freáticos. “A chuva não está infiltrando e não está contribuindo para o lençol freático. Isso é importante porque é o que mantém os rios”, explica o pesquisador.