Experimento realizado na Embrapa Amazônia Ocidental (AM) demonstrou que a inoculação da bactéria Azospirillum brasiliense em sementes de milho para cultivo em terra firme, permitiu economia de 20 kg de nitrogênio por hectare e rendimento superior em 104% à média da cultura no Amazonas.
Nos cultivos experimentais, o rendimento médio foi de 5.359 kg por hectare, enquanto a média de produtividade no Amazonas é de 2.626 kg por hectare, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Azospirillum é um gênero de bactérias que promove o crescimento de plantas. Associadas a gramíneas, como o milho, a bactéria realiza a fixação biológica de nitrogênio (FBN), entre outros processos benéficos para a planta.
A tecnologia de inoculação com Azospirillum no milho foi desenvolvida pela Embrapa e já é utilizada em várias regiões no Brasil, contribuindo para o aumento de produtividade e redução de custos das lavouras.
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Na pesquisa, verificou-se que a inoculação das sementes com essa bactéria aumentou o teor de rendimento de milho, tanto nas plantas não fertilizadas com adubo nitrogenado, quanto nas que receberam o nitrogênio na adubação de cobertura. “O efeito benéfico da inoculação com bactérias diazotrópicas deve-se à produção de substâncias promotoras de crescimento, solubilização de fosfatos, aumento da resistência das plantas ao estresse e à própria fixação biológica de nitrogênio”, explica pesquisador da Embrapa, Inocêncio Oliveira.
O estudioso conta que, no caso do milho, o processo de fixação consegue suprir parcialmente a demanda da planta pelo nutriente, por isso é necessária complementação com a adubação de cobertura para ter melhor rendimento, conforme foi verificado nos experimentos. A adubação de cobertura nessa cultura é realizada, aproximadamente, entre 20 e 40 dias após o plantio.
Quando se utilizou apenas a inoculação das sementes com Azospirillum brasiliense, sem usar posteriormente a adubação de cobertura, houve ganho de produtividade de 1.000 kg/ha em relação aos plantios realizados, nas condições da região, o que representa 38% maior que nos cultivos sem nitrogênio.
Em outra situação, em que se utilizou as doses recomendadas de nitrogênio na adubação de cobertura, o ganho em produtividade foi elevado a mais que o dobro (127%) comparado ao cultivo sem adubação nitrogenada.
Segundo Oliveira, a inoculação das sementes com a bactéria associada à adubação nitrogenada em cobertura aumentou em torno de três mil quilos por hectare o rendimento de milho no experimento.
Economia milionária
O cientista destaca que mesmo usando a adubação de cobertura, a inoculação com a bactéria permite uma economia de 20 kg de nitrogênio por hectare, na semeadura. “Considerando o cultivo de 8.100 hectares de milho no estado do Amazonas em 2018, segundo a Conab, e a economia de 20 kg de nitrogênio por hectare a partir do uso do inoculante na semeadura, há uma redução de 162 toneladas de nitrogênio ou 360 toneladas de ureia”, exemplifica.
Essa economia representaria anualmente o valor aproximado de R$ 1,2 milhão, considerando o custo do adubo nitrogenado em Manaus (AM), segundo estimativa do pesquisador.
“A inoculação com Azospirillum brasiliense pode ser uma alternativa sustentável para a oferta de nitrogênio para culturas de milho em regiões tropicais, além de economizar custos na produção de milho, especialmente com fertilizantes químicos nitrogenados”, destaca Oliveira.