Técnicos do governo começaram a percorrer regiões produtoras do Paraná nesta segunda-feira (10) para avaliar estragos decorrentes da estiagem severa que atinge o estado há três anos. Nesse primeiro dia de viagem, produtores dos municípios de Guarapuava e Pitanga, no centro-sul do estado, e Campo Mourão, no noroeste, relataram perdas de de 30% a 45%, na produção de soja, e de até 54%, no milho
A comitiva é formada por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Também participam das reuniões representantes sindicais locais, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) e outras entidades com atuação agropecuária.
O relatório resultante dessas reuniões será levado ao Mapa para que sejam definidas possíveis medidas de apoio aos produtores prejudicados. “O objetivo é monitorar quais atividades produtivas foram mais impactadas e discutir quais medidas podem ser adotadas”, disse o diretor do Departamento de Gestão de Riscos, da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, Pedro Loyola.
Em Guarapuava, os relatos dos participantes deram conta de perdas nas lavouras de milho da ordem de 30%. Além da quebra no volume, a qualidade também foi afetada, com espigas mal formadas e grãos chochos.
Essa situação também teria afetado a produção de silagem e, consequentemente, a produção de leite. Outras culturas afetadas na região foram o mel, que aponta quebra na produção da ordem de 70%, tabaco e batata.
Pitanga
Na reunião realizada no Sindicato Rural de Pitanga, os participantes relataram quebra expressiva no milho, entre 30% e 40%. No feijão, cultura importante na região, as perdas teriam sido da ordem de 60%.
A estiagem prolongada levou a prefeitura de Pitanga a determinar situação de emergência. De acordo com o presidente do sindicato rural do município, Luiz Zampier, esta foi a pior estiagem dos últimos 40 anos.
“Nossa preocupação é que, na soja, estamos com uma perda média de 30%. O problema são as obrigações que o produtor tem com investimento em tecnologia, isso implica compromissos”, avalia.
Coamo
Em Campo Mourão, a reunião aconteceu na sede da Cooperativa Coamo. Os representantes da entidade apresentaram preocupação com a estrutura das empresas seguradoras em relação à quantidade de peritos e a demora na liberação das áreas para que possam ser feitos novos plantios.
De acordo com o presidente-executivo da Credicoamo, Alcir José Goldoni, até o momento, 52% dos seguros dos cooperados já foram acionados, o que representa R$ 1,2 bilhão.
Nos 25 municípios da região, a quebra na soja foi superior a 45% e, no milho, acima de 54%. Segundo o representante da Seab na região, somadas essas perdas às do trigo e do milho safrinha, o prejuízo chega a R$ 6 bilhões.
Outra preocupação dos produtores presentes foi a quebra nos campos de sementes. De acordo com a Coamo, com a estiagem, estima-se uma quebra de 20% nas sementes de soja produzidas pela cooperativa.
Próximas visitas no Paraná
Ao longo desta semana, a comitiva deve visitar os seguintes municípios do estado:
- Terça-feira (11): Maringá, Umuarama e Palotina
- Quarta-feira (12): Toledo, Medianeira e Missal
- Quinta-feira (13): Cascavel e Pato Branco
- Sexta-feira (14): Prudentópolis
No encontro em Cascavel, está prevista a participação da ministra Tereza Cristina. O Mapa confirmou visitas da titular da pasta nesta semana a regiões produtoras afetadas pela estiagem nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.