Além dos problemas enfrentados nos últimos anos pelos pecuaristas em relação à estiagem, temperaturas altas, geadas e custos elevados de produção, as pastagens, sobretudo do noroeste do Paraná, que tem 50% da área ocupada por essa atividade, estão sofrendo ataque mais intenso por parte de lagartas desfolhadoras desde dezembro de 2021. Elas promovem a redução na quantidade e na qualidade da forragem, refletindo diretamente na produção de carne e leite, que redunda em prejuízo aos produtores.
Como orientação sobre as atitudes a tomar, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) publicaram uma Nota Técnica com recomendações sobre cuidados com as pastagens.
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“Neste momento, é importante os produtores seguirem as orientações de nossos técnicos para conter o surto, mas é preciso também olhar para o futuro com preparo adequado do solo, que possibilite plantas resistentes e mais viçosas, além do manejo adequado e constante de pragas”, afirma o secretário Norberto Ortigara.
Dentre as espécies mais comuns de lagarta observadas na região estão a lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e a curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes).
De acordo com a nota técnica, o sucesso está no monitoramento, que possibilita a detecção nos estágios iniciais, quando a capacidade que as lagartas têm de consumir o pasto ainda é pequena. É também o período em que o uso de inseticidas biológicos é mais recomendado. “Quando o ataque for severo e a maioria das lagartas estiver com tamanho de 3 – 3,5 cm de comprimento, não se recomenda a aplicação de inseticidas, pois elas já ingeriram grande quantidade de forragem e irão passar para a fase de crisálida”, diz a Nota.
Falta de inseticida para pastagens
Os técnicos que assinam o documento dizem que uma das dificuldades é a escassez de inseticidas registrados para o controle de lagartas nas pastagens. A nota técnica traz a listagem dos ingredientes ativos liberados pela Adapar e acentua a obrigatoriedade de seguir todas as recomendações das bulas, que podem ser encontradas neste endereço eletrônico. “Importante ressaltar que não existem agrotóxicos convencionais autorizados para controle destas espécies de lagartas na cultura da pastagem”, acentua.
O pecuarista deve sempre consultar um profissional capacitado para indicação e orientação sobre o uso correto do produto. Porém, de maneira geral, a recomendação é para se aplicar ao entardecer, evitando horário de sol forte e dias chuvosos. Isto é importante, pois as lagartas se alimentam principalmente no final da tarde e à noite, ficando abrigadas na base das plantas em períodos mais quentes. Por serem inseticidas microbiológicos não há necessidade de retirar os animais das áreas tratadas.
Na nota, os técnicos recomendam que, caso seja detectada uma grande infestação de lagartas em determinada área, o rebanho seja concentrado nesse pasto, com o objetivo de consumir rapidamente a forragem e evitar maiores perdas. “Contudo deve-se respeitar a altura de manejo recomendada para cada espécie forrageira, observando a altura de resíduo adequada, que permita o rebrote rápido e evitando a degradação do pasto”, alertam.
Nas regiões mais quentes do Paraná, como Norte e Noroeste, o clima contribui para o encurtamento do ciclo de vida das lagartas (20 – 25 dias), permitindo que ocorram entre 8 e 9 gerações ao longo do ano, o dobro do observado em regiões mais frias.
As lagartas geralmente atacam primeiro as gramas, como o capim coast-cross, capim tifton-85 e grama-estrela. No entanto, no atual ciclo, o ataque tem sido generalizado, afetando também outras gramíneas como capins do gênero panicum (mombaça, zuri, tanzânia), braquiárias (marandu, xaraés, piatã) e capim-elefante (capiaçú, pioneiro).