Agricultura

Peso de fertilizantes no custo de produção atinge 40%, aponta Conab

Segundo o diretor de Fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello, mesmo com o atual cenário dos fertilizantes, o Brasil pode ter uma boa safra

Na última semana, durante a apresentação do 6º Levantamento da Safra de Grãos 21/22, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também apresentou um panorama sobre o peso dos fertilizantes no custo de produção das principais culturas agrícolas do país.

De acordo com a estatal, o percentual de participação dos fertilizantes nos custos para as culturas de soja, milho e trigo fica dentro de uma margem entre 30% a 40% nos custos variáveis, a depender da região produtora e do produto analisado.

“No caso do trigo, os fertilizantes representam cerca de 33% dos custos variáveis em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, enquanto que no município paranaense de Cascavel o percentual chega a 38%. Para o milho 2ª safra, o peso destes insumos chega a 33% em Sorriso (MT). Já no cultivo de soja no município mato-grossense o percentual de participação dos fertilizantes atinge um índice de 37%”, disse a empresa.

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Fertilizantes. Foto: Pixabay

A preocupação é que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia prejudique o fornecimento do insumo, aumentando o custo da produção e, consequentemente, os preços ao consumidor. Os dados contemplam os preços praticados até fevereiro deste ano.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), cerca de 22% dos fertilizantes importados no último ano tiveram como origem a Rússia, seguido da China, com 15%, e o Canadá com 10%.

Análise

Segundo o diretor de Fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello, o mercado de fertilizantes subiu bastante na duas primeiras semanas do conflito, mas estabilizou. “No entanto, está estacionado em um patamar elevado”, explica.

Mello explica que a atual situação do mercado é delicada, mas que teremos uma boa safra.

“Eu queria passar uma mensagem tranquilizadora de que teremos safra e com uma produtividade boa. Mesmo que a gente corte a aplicação de potássio, por exemplo, isso não será um desastre. Nos podemos ter dificuldade para abrir áreas novas, mas nas áreas estabelecidas sempre há um resquício de potássio e de fósforo, então é possível diminuir um pouco a aplicação”, explica.

Sobre os preços dos insumos, Mello diz que a tendência é que eles continuem caros. “É um efeito colateral direto [do conflito]. E nós vamos ter que conviver. Mas é bom lembrar que é um problema global”, afirma.