Segundo dados do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país exportou um total de 3,226 milhões de sacas de 60 kg em janeiro deste ano, volume que implica queda de 11,8% em relação as 3,659 milhões de sacas registradas no mesmo período do ano passado.
Em receita cambial, entretanto, o primeiro mês deste ano apresenta crescimento de 47,5% ante idêntico intervalo de 2021, alcançando US$ 700,1 milhões, o maior valor da história para janeiro.
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O presidente da entidade, Nicolas Rueda, anota que a queda no volume embarcado reflete a continuidade dos gargalos logísticos no comércio marítimo global, cenário sem previsão para correção no curto prazo, e o menor volume de café disponível no atual período.
“Observamos uma leve melhora na oferta de contêineres em janeiro e houve novo registro de embarque via break bulk, em big bags, que segue contribuindo para melhorar o fluxo, mas os espaços nos navios continuam sendo um grande desafio”, comenta.
Ele completa que, além disso, “entramos na entressafra de uma colheita baixa, com redução dos estoques e menor disponibilidade de café, o que é compreensível até que cheguem os grãos da nova safra, entre maio e junho”.
No que se refere à receita cambial recorde para janeiro, o presidente do Cecafé explica que resulta das altas cotações internacionais do grão, que operam em níveis elevados há mais de um ano e também puxam os valores no mercado interno.
Além disso, os atuais patamares da taxa de câmbio contribuem para esse desempenho positivo, gerando mais divisas e ampliando a distribuição de renda, uma vez que o Brasil é o país que mais repassa o preço Free on Board (FOB) das exportações aos produtores, segundo cálculos do IPEP-Cecafé.
“O preço médio dos embarques foi de US$ 216,98 por saca, o segundo maior da história para o primeiro mês do ano (US$ 272,36 em janeiro de 2012 é o recorde). Isso é excelente quando pensamos no ingresso de divisas ao Brasil, mas também entra na seara de desafios, além dos logísticos, que os exportadores precisam enfrentar e adequar seus caixas”, pondera.
Ano safra
De julho de 2021 a janeiro deste ano, as exportações de café do Brasil totalizam 22,872 milhões de sacas, apresentando recuo de 19,4% na comparação com as 28,391 milhões de sacas registradas nos sete primeiros meses da temporada 2020/21. A receita, contudo, avançou 18,5% na mesma comparação, atingindo US$ 4,173 bilhões ao refletir as elevadas cotações globais. O preço médio nesse período da safra 2021/22 é de US$ 182,43 por saca, 47% superior ao aferido em idêntico intervalo antecedente.
Principais destinos do café brasileiro
Em janeiro de 2022, os Estados Unidos mantiveram o posto de principal comprador dos cafés do Brasil. Os norte-americanos adquiriram 710.285 sacas, volume 5,6% inferior ao aferido no mesmo período de 2021, mas que representou 22% dos embarques totais brasileiros no mês passado. A Alemanha, com representatividade de 16,1%, adquiriu 518.017 sacas (-15,8%) e ocupou o segundo lugar na lista. Na sequência, vêm Bélgica, com a compra de 344.703 sacas (-2,5%); Itália, com 186.154 sacas (-27,3%); e Japão, com a importação de 176.335 sacas (-3,7%).
Portos
O complexo marítimo de Santos (SP) foi o principal exportador dos cafés do Brasil em janeiro de 2022, com a remessa de 2,687 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 83,3% do total. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 13,9% dos embarques ao remeterem 447.466 sacas, e Paranaguá (PR), com a exportação de 20.613 sacas e representatividade de 0,6%.
Tipos de café
O café arábica foi o mais exportado em janeiro de 2022, com o despacho de 2,816 milhões de sacas ao exterior, o que correspondeu a 87,3% do total. O segmento do solúvel teve 318.000 sacas embarcadas, com representatividade de 9,9%, seguido pela variedade canéfora (robusta + conilon), com 89.093 sacas (2,8%) e pelo café torrado e moído, com 3.099 sacas (0,1%).