Agricultura

Software da Embrapa avalia fertilidade e equilibra adubação na soja

O software possibilita ao agricultor racionalizar o uso de fertilizantes nos sistemas de produção de soja

Um software, desenvolvido pela Embrapa Soja, possibilita ao agricultor racionalizar o uso de fertilizantes nos sistemas de produção de soja, garantindo aumento de produtividade aliado à redução de custos.

A nova plataforma online, chamada de Avaliação da Fertilidade do Solo e Recomendação da Adubação (Afere), planeja o manejo de adubação das áreas agrícolas ajustado com as necessidades de reposição de nutrientes, considerando o histórico de produção da área avaliada e o balanço de entradas e saídas de nutrientes.

soja
Soja. Foto: Pixabay

De acordo com o pesquisador Adilson de Oliveira Jr., da Embrapa Soja, à medida que a produtividade das culturas aumenta, torna-se necessário ajustar a adubação de reposição, evitando balanços nutricionais negativos, por meio de exportação de nutrientes sem a correspondente reposição.

O software foi desenvolvido com foco em produtores rurais, empresas do mercado de consultoria, planejamento e assistência técnica.

Esse primeiro módulo da plataforma Afere irá realizar o cálculo do balanço da adubação e gerar relatórios de reposição dos nutrientes em sistemas de produção de soja.

“Estamos disponibilizando um sistema gratuito com funcionalidades que possibilitam armazenar os dados do usuário, gerar históricos de adubação, de produtividade e dos balanços nutricionais ao longo do tempo”, destaca.

“Nossa proposta com essa ferramenta é incrementar os processos de recomendação de adubação, mapeando constantemente as áreas produtivas para evitar balanços nutricionais negativos que reduzem a produtividade, além de maximizar o uso dos nutrientes disponíveis no solo para minimizar os custos de produção”, acrescenta Oliveira Jr.

Um dos impactos esperados com o lançamento da tecnologia é racionalizar o uso de fertilizantes, que representam o principal custo de implantação de uma lavoura de soja.

No último ano, o valor da tonelada desses produtos teve um incremento de 162%, saltando, em média, de R$ 2.133,00, em fevereiro de 2021, para R$ 5.600,00, em fevereiro de 2022, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

O Brasil importa a maior parte dos fertilizantes usados na agropecuária nacional, em especial o potássio, o nitrogênio e o fósforo. Reduzir esta dependência é estratégico para o País, tanto que o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado pelo Governo Federal em março, tem como meta diminuir a importação de fertilizantes, em 2050, de 85% para 45%.

Outras culturas

Para a construção dos padrões de exportação de nutrientes do software, os pesquisadores da Embrapa Soja utilizaram bases de dados geradas em experimentos de longa duração e representativos de diferentes áreas agrícolas brasileiras, além de informações obtidas por meio das parcerias técnicas com outras instituições de pesquisa.

“Queremos, cada vez mais, fortalecer as parcerias para continuar incrementando as bases de dados com padrões atualizados de exportação para as cultivares mais representativas das principais regiões produtoras de soja, assim como para as culturas que integram o sistema de produção, como milho, trigo, algodão e feijão, entre outras”, afirma o pesquisador César de Castro, da Embrapa Soja.

De acordo com Oliveira Jr., o Afere possibilitará que os cálculos sejam realizados automaticamente, a partir de informações previamente cadastradas sobre a adubação realizada e a produtividade obtida, de forma customizada pelos usuários.

Os dados introduzidos ficarão armazenados em um banco, permitindo a estruturação dos históricos de adubação das áreas de produção cadastradas, de produtividade das culturas agrícolas e dos balanços nutricionais.

“Cada usuário terá acesso aos respectivos parâmetros de interpretação, atualizados com dados da pesquisa, e poderão gerar suas próprias bases de dados de diagnose nutricional e exportação de nutrientes”, ressalta o pesquisador.

Além de focar na cultura da soja, o sistema permite que os cálculos de exportação de nutrientes sejam realizados para outras culturas, como milho, feijão, algodão e trigo, que já contam com parâmetros implantados e disponíveis.

“Vale lembrar: quando se faz a rotação ou sucessão de culturas, não se planeja a adubação pensando apenas na soja, mas sim considerando as culturas que compõem o sistema de produção. Enquanto a soja exporta grande quantidade de potássio, por exemplo, o trigo e o milho necessitam de quantidades bem menores desse nutriente”, explica. “A adubação do sistema deve buscar um balanço equilibrado entre as diferentes culturas”, complementa.

Adicionalmente, os parâmetros de exportação de cada cultura poderão ser definidos, também, por cultivar/híbrido e por safra, possibilitando que as bases de dados de exportação sejam frequentemente atualizadas.