Apesar do acirramento na tensão comercial entre Estados Unidos e China, o país asiático fará questão de manter aberta e segura a importação norte-americana, avalia a analista de commodities agrícolas do banco Commerzbank, Michaela Kühl.
“A diversificação de suas fontes de suprimentos provavelmente será do interesse do país, principalmente porque a cadeia de oferta está sob risco por causa da disseminação do novo coronavírus no Brasil, que agora é o principal fornecedor da China”, explica Michaela, em comentário diário enviado a clientes.
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A analista pondera que ainda não se sabe o impacto real da escalada do conflito geopolítico entre os dois países, apesar dos relatos de que o governo chinês teria instruído empresas estatais a suspenderem compras de produtos agrícolas norte-americanos, como soja, carne suína, milho e algodão. “No entanto, foi relatado ao mesmo tempo que as empresas chinesas estatais encomendaram ontem três carregamentos – aproximadamente 180 mil toneladas – de soja nos EUA para entrega em outubro e novembro. Assim, ainda não se pode excluir que as ações dos chineses não sejam muito mais do que para fazer barulho”, considera.
Michaela acrescenta também que está claro que a primeira fase do acordo sino-americano até o momento decepcionou as expectativas e que isso não pode ser responsabilizado apenas pela pandemia da Covid-19. Ela lembra que, pelos termos do acordo, a China deveria adquirir US$ 32 bilhões a mais em produtos agrícolas dos EUA em 2020 e 2021, tendo como referência o montante desembolsado em 2017 – antes do conflito comercial.
“Naquela época, a China havia importado produtos agrícolas dos EUA no valor de US$ 24 bilhões, mais da metade gasto com compras de soja. Em compensação, no primeiro trimestre deste ano, as compras de soja norte-americana pela China somam US$ 1 bilhão – quantidade habitual antes da negociação dos impasses”, relata a analista.
Ela pontua que o lado americano ainda tem grandes esperanças no acordo, esperando importação expressiva da China na safra 2020/21.