Um sojicultor de Mangueirinha (Paraná) se sagrou campeão do Desafio Cesb de Máxima Produtividade de Soja ao colher 118,82 sacas por hectare na safra 2019/2020, em uma área de sequeiro. Essa produtividade é mais do que o dobro da média nacional estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra, que ficou em 55,5 sacas por hectare. Aliás, todos os campeões da 12º edição do concurso colheram mais de 100 sacas por hectare e foram apresentados durante programa ao vivo no Canal Rural.
O desafio é colher mais e obter uma rentabilidade ainda maior nas fazendas. Pois essa tarefa foi cumprida com louvor pelos finalistas do concurso. Todos conseguiram colher mais de 100 sacas por hectare, um resultado bastante elevado, considerando a média do país.
O produtor paranaense Laercio Dalla Vechia foi o grande campeão nacional do concurso nesta safra, com 118,82 sacas de soja por hectare produzidas na safra 2019/2020. Ele destaca que, para atingir um alto nível de produtividade, utilizou o chamado “tripé básico” da agricultura.
“Unimos os trabalhos nas condições físicas, biológicas e químicas do solo para conseguir um bom resultado. É o básico bem feito”, destaca Dalla Vechia. Ele conquistou a categoria nacional no plantio em sequeiro.
Esse foi o quinto ano em que o produtor paranaense se inscreve no desafio do Cesb e o sonho de vencer já era antigo.
“Ano após ano eu mudo algo no meu manejo para tentar elevar o patamar. Tenho o desafio como inspiração, vejo os outros produtores alcançando altos níveis e me pergunto: como eu faço para conseguir melhorar a minha lavoura e chegar a esses níveis também?”, diz.
O presidente do Cesb, Leonardo Sologuren, lembra que os sojicultores enfrentaram dificuldades nessa safra. Análises feitas por um sistema de previsão meteorológica demonstraram que os sojicultores tiveram quebras de produtividade de até 63%.
“Porém vemos o ótimo trabalho que os produtores tiveram para contornar essa situação, alcançando altos níveis de produtividade. Nesta safra tivemos 284 sojicultores chegando a resultados acima de 90 sacas por hectare”, afirma ele, ao lembrar que mais de 5 mil se inscreveram.
Segundo Sologuren, os resultados alcançados pelos sojicultores brasileiros demonstram que é possível aumentar a produtividade sem expandir a área e gastar mais. Ou seja, só seguindo os preceitos de sustentabilidade e rentabilidade.
“Esse índice alcançado pelo campeão do desafio é uma amostra do potencial que a produção brasileira de soja possui, o que vem fazendo com que o país cresça no setor e se firme como o principal produtor e exportador de soja do mundo”.
Campeões regionais
Além do campeão nacional, o Cesb também premia os sojicultores que se destacaram em suas respectivas regiões.
O segundo maior patamar de produtividade foi registrado pelo produtor Antônio Guedes de Oliveira Neto, de Patrocínio (MG), com o índice de 118,63 sacas por hectare. Ele é o campeão da região Sudeste.
“O que me levou a chegar a essa produtividade foi a aplicação da tecnologia no campo, agregando conhecimento, e também a ajuda dos nossos consultores”, relata Oliveira Neto.
Além disso, o sojicultor destaca a questão da criação do perfil de solo. “Tivemos um trabalho muito forte na agricultura de precisão, chegando a uma excelente estrutura de solo para plantar, o que fez a diferença”, ressalta.
Já o produtor Eliseu José Schaedler, de Boa Vista das Missões (RS), conseguiu a produção de 111,93 sacas por hectare e se consagrou o campeão da categoria irrigada e do Sul.
“Há 11 anos estamos trabalhando na construção de um solo saudável e unificado. Tivemos bastante trabalho, mas buscamos informação e respaldo na tecnologia para atingir o nosso objetivo de elevar a produtividade”, informa.
Ele destaca os problemas com o clima nesta safra, em que houve bastante seca na região. “Porém, sempre procuramos usar as tecnologias disponíveis, em todas as áreas, análise de solo, plantio, pulverização, colheita e monitoramento da lavoura, para contornar essa situação”, declara Schaedler.
No Centro-Oeste, quem se destacou foi o produtor Elton Zanella, de Campos de Júlio (MT). Em sua fazenda foram produzidas 103,19 sacas de soja por hectare, garantindo o prêmio naquela região.
O que mais o ajudou a chegar a esse resultado foi a construção do perfil de solo em profundidade, manejo de nematoides com planos de cobertura para auxiliar no combate a pragas e a escolha de uma semente com alto potencial produtivo.
“Ganhar o Desafio veio para efetivar o trabalho de toda a equipe, que está sempre engajada no propósito de bater recordes de produtividade. Descobrimos muitos aprendizados que são aplicados em outros talhões da fazenda, para alcançarmos altas produtividades como um todo”, declara.
Completando o time de campeões do Desafio Cesb está o condomínio Milla, administrado pelos produtores Ernest e Robert Milla, de Baixa Grande do Ribeiro (PI). Eles conquistaram a marca de 101,79 sacas por hectare, sendo o campeão do Norte/Nordeste.
Os produtores contam que enfrentaram irregularidades com as chuvas nessa safra, mas conseguiram contornar o empecilho com um bom manejo químico e físico do solo. “É uma área em que estamos trabalhando há 15 anos e vemos que deu resultado. A equipe está engajada em atingir esses altos níveis, por isso conquistar esse prêmio é muito gratificante”, afirma Ernest.
Bons resultados
O diretor-executivo do Cesb, Luiz Antonio da Silva, ressalta os altos índices de produtividade que os sojicultores vêm apresentando ao longo dos anos no Desafio. Nesta safra de 2019/2020, a média de produtividade alcançada pelos participantes do concurso foi de 83,1 sacas por hectare.
Na safra passada (2018/2019), o comitê registrou a média de 80 sacas por hectare. Já na safra de 2017/2018, o Cesb registrou média de 83.
“Nesta edição do Desafio vemos que todos os campeões bateram a marca de 100 sacas por hectare, o que é algo a ser comemorado, diante de tantos obstáculos que apareceram. Portanto, seguimos com o objetivo de compartilhar informações, para que o Brasil continue se destacando ainda mais mundialmente no cultivo de soja”, conclui.
Outro resultado importante é o retorno sobre o investimento (ROI), que mostra justamente o quanto cada produtor investir e o retorno alcançado. Nesta safra o ROI ficou em 2,5, ou seja, para cada R$ 1 investido o produtor conseguiu receber de volta R$ 2,50.
“Nós queremos que todos aumentem as produtividades em suas fazendas, mas que façam isso da maneira correta, focando na rentabilidade final. A prova é que nesta safra o ROI foi de 2,5, contra os 2,4 da safra 2019/2020”, diz o diretor de marketing do Cesb, Nilson Caldas.
Para fechar o pacote de destaques, os campeões deste ano também superaram outra marca. Todos possuíam um solo descompactado, ideal para alcançar grandes produtividades.
“Em termos de descompactação de solo, os participantes do Cesb estão de parabéns. Nenhum dos produtores possuía compactação do solo maior que 1.5 mega pascal. Isso significa que o solo em geral era perfeito para a produção agrícola. Em geral as áreas de baixa produtividade no país, tem estes índices bem mais elevados”, afirma Caldas.