Agricultura

Volta de Tom Vilsack ao comando do USDA é escolha técnica para momento difícil

Escolhido pelo recém-empossado presidente Joe Biden, Tom Vilsack comandou o órgão na gestão de Barack Obama, de 2009 a 2017

Tom Vilsack, novo secretário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é o primeiro a ocupar duas vezes o cargo. Após ter comandado a pasta durante o governo de Barack Obama, de 2009 a 2017, foi escolhido pelo recém-empossado presidente norte-americano Joe Biden para chefiar o órgão nos próximos quatro anos.

Vilasck substitui Sonny Perdue, que ocupou o cargo no governo de Donald Trump, a partir de 2017. Ex-governador do estado da Geórgia, Perdue é um político de carreira do partido republicano. Assim, a escolha de Vilsack para assumir o USDA indica o retorno de uma gestão de caráter mais técnico para o órgão.

O USDA equivale ao Ministério da Agricultura brasileiro, supervisionando quase todos os aspectos da produção de alimentos do país. Ele regula sementes geneticamente modificadas, faz seguro de lavouras, promove exportações agrícolas e inspeciona unidades de processamento de carnes. A agência também ajuda a definir as diretrizes dietéticas dos Estados Unidos e administra o Programa de Assistência à Nutrição Suplementar, anteriormente administrado por meio de cupons de alimentos.

tom vilsack
Foto: USDA

Segundo a administração Biden, Vilsack trará a experiência e “pensamento ousado” necessários para oferecer alívio imediato para agricultores, pecuaristas, produtores e famílias em todo o país.

“Vilsack supervisionou investimentos recordes em comunidades rurais, garantiu melhorias vitais para o sistema de alimentação escolar do país e liderou uma campanha bem-sucedida para aumentar os padrões de segurança alimentar”, anunciou o governo.

A nomeação de Tom Vilsack para retornar ao comando do USDA gerou elogios e críticas de entidades do setor agropecuário norte-americano, sinalizando os desafios que a agência tem pela frente. “Os desafios são enormes”, disse Andrew Novakovic, professor emérito de economia agrícola da Universidade Cornell que trabalhou para o USDA durante o mandato de Vilsack.

USDA e Ministério da Agricultura

Nos Estados Unidos, é incomum que os secretários sejam trocados em curtos períodos durante o mandato presidencial. Enquanto o Brasil teve cerca de 30 nomes à frente do Ministério da Agricultura desde a redemocratização do país, em 1985, o USDA foi comandado por apenas 16 pessoas. Ambos os números considerados os nomeados aos cargos e interinos.

De acordo com o comentarista Benedito Rosa, que é ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, a permanência das lideranças nos cargos é importante para o bom andamento das políticas públicas. Além disso, a menor alternância faz com que haja previsibilidade na forma de conduzir a agricultura.

“Cada ministro entra indicado ou apoiado por partidos, então começa o mandato com uma determinada orientação política. Se o ministro anterior tem uma posição diferente, há uma mudança nas prioridades”, diz, exemplificando pela forma como é feito no Brasil.