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Água de reuso pode otimizar custos na suinocultura, aponta pesquisa

Os resultados do levantamento do Instituto de Zootecnia apresentaram diminuição do desperdício de nutrientes da ração

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Foto: Instituto Mineiro de Agropecuária

Uma pesquisa do Instituto de Zootecnia (IZ) da secretaria de Agricultura de São Paulo apresentou resultados inéditos, que indicam benefícios na produção de suínos com água de reuso. Os resultados apresentaram diminuição do desperdício de nutrientes da ração, redução da ingestão de água pelos animais e recuperação da água pelo tratamento dos efluentes da suinocultura.

A pesquisa realizada no IZ com 80 suínos, machos castrados e fêmeas, com idade de 63 aos 150 dias, e peso vivo médio de 25 kg na fase inicial e 110 kg na fase final, demonstrou que 28,11% da Proteína Bruta (PB) e 41,32% do Extrato Etéreo (EE) consumidos foram excretados pelos animais nos dejetos. “Esta ineficiência alimentar desencadeia perdas consideráveis de água potável, além de desperdiçar alimento e recursos financeiros”, explica Simone Raymundo de Oliveira, coordenadora do programa “Suíno Pata Verde”, que conduziu a pesquisa.

Aliados à técnica de manejo e melhoria da qualidade da dieta pela biodisponibilidade dos nutrientes, o sistema Flotub JLTEC-IZ recupera, no mínimo, 70% da água contida nos dejetos dos animais, que poderá ser reutilizada após sua desinfecção, na lavagem das instalações, por exemplo.

O funcionamento do sistema, segundo o engenheiro João Luciano da Silva, da JLTec, se dá em várias etapas. “A primeira consiste na retirada do material sólido do efluente, e a parte líquida vai para o biodigestor com permanência de no mínimo 30 dias. Nas etapas seguintes do processo, o material passa por digestão aeróbica, floculação e clarificação [retirada do lodo da fase líquida]. Por fim, a água de reuso que provém da clarificação do efluente, seguida de desinfecção e posterior avaliação microbiológica e físico-química, é armazenada para reuso”, detalha.

Consumo de água x produção de carne suína

De acordo com os resultados de pesquisa do Programa “Suíno Pata Verde” em função somente do número de cabeças abatidas em 2019, no Brasil, houve a excreção de 375 mil toneladas de proteína bruta e no Estado de São Paulo aproximadamente 22 mil toneladas de proteína bruta”, detalha Simone, sendo que do montante ingerido, o desperdício de alimentos para um suíno, dos 63 aos 147 dias de idade, gira em torno de 11,30 kg de farelo de soja e 38,54 kg de milho, valores estimados com base no teor de proteína bruta excretado.

Considerando o número de cabeças abatidas no Brasil e no estado de São Paulo em 2019, a ineficiência alimentar acarretou perdas de mais de 1,8 milhão de toneladas de milho e mais de 500 mil toneladas de farelo de soja no Brasil e, somente em São Paulo foram aproximadamente 104 mil toneladas de milho e 31 mil toneladas de farelo de soja.

Para produzir uma tonelada de soja (grão) e uma tonelada de milho (grão), segundo a Water Footprint Network (WFN), é necessário [pela média de produção anual mundial] o consumo de 2.201 metros cúbicos de água por tonelada de soja e 1.222 metros cúbicos por tonelada de milho.

Simone explica que utilizando as informações dos dados de abate de suínos do Brasil e do estado de São Paulo, do ano de 2019, do IBGE, aliadas a uma estimativa de melhoria da eficiência alimentar dos suínos em 15%, dos 63 aos 144 dias de idade, “a redução do desperdício será de 270 milhões de toneladas de milho e 79 mil toneladas de farelo de soja”.

“No Brasil, seguindo informações da WFN [pegada hídrica], para redução anual do uso da água em relação a produção de soja, esses valores equivaleriam a mais de 570 milhões de metros cúbicos de água para a produção de cerca de 112 mil toneladas de soja grão. Já para o estado de São Paulo a redução anual do desperdício corresponderia a 88,5 mil toneladas de milho e 42 mil toneladas de soja (grão) ou 36 mil toneladas de farelo de soja o que equivaleria na redução de 33 milhões de metros cúbicos de água para a sua produção”, enfatiza Simone.

Com a melhoria da eficiência alimentar, numa granja em que se vende mil animais terminados, segundo Simone, o ganho “seria equivalente a 149 animais de retorno – menor custo de produção e aumento na margem de lucro”.

Com a utilização dos dados já obtidos com o Sistema Flotub JLtec-IZ, considerando os dados do IBGE e a WFN, a produção de água de reuso, no Brasil corresponde a 19,7 milhões de metros cúbicos e no estado de São Paulo em torno de 1,150 milhão de metros cúbicos, “pois foram abatidos mais de 46 milhões de cabeças e utilizados 28 milhões de litros de água”.

“Enquanto, para o alojamento de cerca de cinco milhões de matrizes, a recuperação chegaria a mais de 183 milhões de metros cúbicos de água na produção nacional e mais de seis milhões de metros cúbicos de água de reuso na produção paulista”, ressalta a pesquisadora.