A redução observada na área plantada foi influenciada pela conjuntura adversa, tanto interna quanto externa, com estoques elevados e queda no preço da pluma. A produção nacional de algodão em caroço está estimada em 3.824,3 mil toneladas, 13,2% menor que a safra passada.
• Goiás pode deixar de plantar algodão
A produção nacional do algodão em pluma está estimada atingir 1.505,1 mil toneladas, representando uma diminuição de 13,2% quando comparada com a produção do ano anterior, que totalizou 1.734 mil toneladas.
No Centro-Oeste, Mato Grosso, o maior produtor de algodão do país, deve sofrer uma redução na área cultivada em aproximadamente 80,4 mil hectares. Essa redução ocorre em função dos baixos preços alcançados na arroba da pluma. Em Goiás, a cultura apresenta bom aspecto sanitário, com baixa incidência de pragas e doenças. Em Mato Grosso do Sul, a maioria do algodão já atingiu 120 DAE (dias após emergência), o que corresponde à fase de floração e início da frutificação.
Na Região Nordeste, a área de algodão deve sofrer redução, impulsionada pela redução na Bahia, segundo maior produtor nacional, onde se prevê uma diminuição de área plantada na ordem de 38,3 mil hectares. A justificativa da queda está relacionada ao alto volume dos estoques mundiais, que por consequência, impactou negativamente no preço da pluma.
No Maranhão, metade dos financiamentos para a cultura do algodão é custeado pelos próprios produtores. O plantio foi iniciado em dezembro, com 85% plantado, e finalizado em janeiro. A cultura do algodão é explorada apenas nos municípios de Alto Parnaíba, Balsas e Tasso Fragoso, todos localizados no extremo sul do Maranhão, sendo os dois últimos de maior representatividade.
No Sudeste deve ocorrer a maior redução percentual na área entre as regiões do país, cerca de 21,8%. Em Minas Gerais, a área de cultivo de algodão está estimada em 18,8 mil hectares, sinalizando uma redução de 10% em relação à safra anterior, acompanhando a tendência baixista nos preços de comercialização de pluma, motivada pelo aumento da oferta mundial de algodão acima do crescimento do consumo. Estima-se uma produtividade média de 3.600 kg/ha, 3,8% maior do que a safra passada. A produção deverá ficar 6,6% abaixo do resultado obtido na safra passada, alcançando 67,7 mil toneladas de algodão em caroço.
Preços
Os preços internacionais da pluma apresentaram comportamentos distintos ao longo de abril, com a volatilidade predominando no primeiro decêndio do mês. A demanda fraca pelo produto por parte dos principais países consumidores, notadamente a China, acabaram dando suporte para que o mercado operasse com oferta de preços pouco atrativa para os detentores da matéria-prima. Entretanto, a partir do início da segunda quinzena os preços voltaram a subir nos mercados futuro e disponível, impulsionados pelas notícias do excelente desempenho das vendas de algodão (na segunda e terceira semana de abril) americano, produzido na safra 2014/2015.
Os preços domésticos do algodão são fortemente conectados às cotações internacionais e à variação cambial. Assim, torna-se oportuno relatar que, embora o dólar tenha passado por uma desvalorização de -3,06% em abril, mesmo assim continuou pressionando as cotações domésticas da pluma visto que as paridades de exportação e importações foram fortemente impactadas pelo menor poder de compra do real.
Panorama mundial
O mercado mundial do algodão segue com disponibilidade do produto bastante superior ao consumo. A produção mundial na safra 2014/2015, já encerrada no Hemisfério Norte e em andamento no Sul, estimada pelo Comitê Consultivo do Algodão – ICAC (sigla em inglês) é de 26,4 milhões de toneladas, enquanto que o consumo previsto é de 24,06 milhões toneladas.
Quanto às projeções de produção para a safra 2015/2016, a avaliação é de que haverá retração de 9,3%, devendo totalizar cerca de 23,89 milhões de toneladas, e no caso do consumo, estima um crescimento moderado de 1,72%, perfazendo um montante de 24,47 milhões de toneladas.
Oferta e demanda
Diante do cenário ora apresentado, a atual configuração do quadro de suprimento estimado para 2015 passa a ser a seguinte: oferta total do produto (estoque inicial + produção + importação) de 2.017 mil toneladas, enquanto que a demanda total (consumo interno + exportação) de 1.560 mil toneladas. Com a redução da produção e demais ajustes, se comparados à safra precedente, a previsão de estoque de passagem para o encerramento de 2015 passa a ser de 457 mil toneladas de pluma, significando, assim, quantidade suficiente para abastecer a indústria nacional e honrar compromissos de exportação por três meses.