Alberto Fernández vai tomar posse nesta terça-feira, 10, como presidente da República da Argentina, no qual foi eleito para o cargo em primeiro turno das eleições, que aconteceu em outubro deste ano. O país é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e há uma expectativa no mercado agrícola de que o novo presidente eleve as tarifas sobre exportação de commodities para ajudar o governo a aumentar a arrecadação.
Um levantamento realizado pela consultoria ARC Mercosul aponta que a área plantada na Argentina aumentou 11% desde 2015, depois que a administração de Maurício Macri, atual presidente do país, reduziu tarifas de exportação para produtos como soja, milho e trigo. A questão agora, é saber qual vai ser a estratégia do produtor argentino diante do novo governo de esquerda que vai assumir.
Para o analista Tarso Veloso, a questão sobre os impostos no país vizinho está no centro das atenções no mercado internacional. “Esse assunto vai definir exatamente qual será a competitividade que o grão argentino terá na comparação com o grão brasileiro e norte-americano na hora da disputa de mercado”, afirma.
“Acredito que haverá uma mudança importante para os produtores, já que eles devem fazer uma troca, reduzindo a área plantada de milho e aumentar a área destinada ao plantio de soja em busca de uma maior rentabilidade e de menores custos na Argentina. Para o produtor argentino, a margem dele irá se reduzir, vai precisar pagar mais impostos, só que a moeda irá perder valorização frente ao dólar e isso vai fazer com que o produtor não precise brigar por margens”, explica o analista.
Ainda de acordo com Tarso, o que o mercado internacional quer entender é: qual é ímpeto de aumento que o governo vai fazer na Argentina e quanto isso vai impactar nessa competição internacional por demanda.
Impacto no Brasil
Tarso também explica que o produtor brasileiro vai precisar voltar suas atenções para o mercado da soja. “Isso porque vamos ter uma competição maior, caso o clima deles melhore e pelo fato de vendermos na mesma janela que o país vizinho.
“Essas taxas sobre a importação argentina pode também se reverter em mais rentabilidade para o produtor do Brasil, mas somente se o peso argentino não continuar se desvalorizando em relação ao dólar, que desde 2015 já desvalorizou 85% em relação a moeda norte-americana. Então, se o governo aplicar 10% a mais de impostos mas se o peso perder 20% esse ano, os impostos praticamente não farão diferença na conta final. Então assim como no Brasil o produtor está vendo as ofertas subindo por conta da desvalorização do Real, o produtor argentino também está vendo mesmo cenário”, diz.