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Aumentar taxa de juros só agrava os problemas do agro, diz Faesp

Aumentar o custo financeiro dos custeios e investimentos é um agravante, afirma presidente da entidade, Fábio Meirelles

Uma nova elevação na taxa de juros, que deve ser anunciada pelo Comitê de Política Monetária está esta quarta, 27, trará mais efeitos negativos para o agronegócio. A afirmação é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles. “Seca, geadas, crise hidroenergética, embargo à carne brasileira na China e a pandemia prejudicaram demais a agropecuária em 2021. Por isso, aumentar o custo financeiro dos custeios e investimentos é um agravante”, diz Meirelles.

O mercado estima em até 1,5 ponto percentual – como esforço do Banco Central para conter a inflação. No entanto, o dirigente da Faesp alerta que os juros maiores prejudicam os produtores rurais num momento em que o crédito agrícola é decisivo.

“A nossa grande preocupação é que parece que a escalada das taxas de juros tem tido efeito limitado na correção das expectativas e limitação da inflação. Há componentes externos e estruturais impactando os custos, fatores que neutralizam os resultados esperados pela elevação da taxa básica de juro. E, por outro lado, as taxas de juros mais elevadas aumentam o endividamento das empresas, o custo da dívida pública e desenham um cenário de menor crescimento para economia brasileira nos próximos anos”, complementa.

Muitos produtores têm de recorrer ao mercado financeiro, pois os recursos do Plano Safra, com linhas especiais e taxas menores, não são suficientes para atender todos. Por essa razão, a Faesp informa que se dirigiu às autoridades federais, estaduais, e aos bancos, solicitando atenção aos pedidos de prorrogação de contratos realizados por parte dos produtores paulistas e que estejam próximos do vencimento. Meirelles informa ter também pedido, inclusive aos bancos oficiais e ao governo, as seguintes providências:

– Apuração, caso a caso, com a realização dos respectivos levantamentos técnicos e periciais, das perdas decorrentes dos fatores climáticos acima noticiados, nos termos do MCR – Manual de Crédito Rural do Banco Central do Brasil, de maneira a conceder condições, prazos, carência e prorrogação dos contratos firmados.

– Linha de crédito de recuperação de cafezais danificados, disponibilizada com recursos do Funcafé, que conta com reserva de R$ 1,30 bilhão e será em breve disponibilizada para acesso pelas instituições financeiras. A demanda é para o uso efetivo dessa linha para auxiliar os cafeicultores paulistas.

– Criação de linha de crédito especial, com prazo de reembolso e condições facilitadas, para viabilizar a recuperação da estrutura produtiva e manutenção das atividades agropecuárias atingidas pela geada, seca e vendavais, dentre outras ocorrências climáticas.

– Que, ao menos neste momento, seja evitada a prática de inserção do nome do produtor como inadimplente nos órgãos de restrição ao crédito, como SPC e SERASA, impedindo assim o agravamento da situação, já bastante dramática para o setor agropecuário.

“O crédito rural é um importante instrumento de política pública, que propicia aos produtores rurais a possibilidade de adoção de novas tecnologias no campo, de modernização da agropecuária e elevação dos volumes produzidos”, reitera Meirelles. Os ofícios ao setor financeiro foram enviados ao Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Mercantil do Brasil, Sicoob/Bancoob, Safra e Santander, além da Federação Nacional dos Bancos (Febraban).

Ao Governo de São Paulo, a FAESP solicitou a prorrogação das parcelas dos financiamentos vigentes com recursos do FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista), com a transferência de prestações vincendas para um ano após a última prestação prevista em contrato; e criação de linha de crédito emergencial, com recursos do FEAP, para recuperação da estrutura produtiva e manutenção das atividades agropecuárias atingidas pelas geadas.