Para garantir o bom desempenho das sementes no campo, o produtor tem que ficar atento às boas práticas na hora do plantio, como as condições do solo e de armazenamento na propriedade. E é esse cuidado que coloca o Brasil como o principal produtor de soja no mundo.
Uma lavoura de soja de alta produtividade começa com sementes de alto padrão de qualidade.
Jackson Kroll é produtor no Paraná. O processo de monitoramento da lavoura foi alterado quando ele passou a produzir sementes. “Muda o cuidado com manejo. São cuidados especiais. Estamos sempre de olho na questão de pragas e doenças para produzir uma semente de boa qualidade, com bom potencial para a próxima safra”, diz.
No Sul, Nordeste ou Centro-Oeste, a praga que mais preocupa os produtores de semente de soja é a mesma: o percevejo. “Quando se fala pragas e doenças, damos uma atenção especial para o percevejo. Ele ataca a soja e causa um dano direto na semente, o que prejudica a produção e vai provocar descarte, o que significa jogar fora biotecnologia”, afirma o engenheiro agrônomo Thiago Moreira Barros.
Segundo o coordenador comercial de sementes da cooperativa Frísia, de Carambeí, no Paraná, Antônio Alberto Gomes da Silva, semente boa se faz no campo, a indústria apenas beneficia. “Se a semente não vier boa do campo, a gente não consegue recuperar a qualidade dela no beneficiamento”, diz.
Outro detalhe, ressaltado pelo gerente de produção da Sementes Girassol, Winícius Menegaz, é o cuidado com defensivos. “É preciso fazer fazer a escolha correta, aplicar com atenção, com um time bem preparado e equipamentos bem calibrados”.
Um dos pioneiros da produção de sementes de soja em Mato Grosso recomenda o uso de estações meteorológicas nas propriedades como auxiliar das boas práticas. “Atualmente, no campo, a previsão meteorológica auxilia no plantio, colheita e durante o desenvolvimento da lavoura. É com essas informações que podemos tomar a decisão da melhor hora de plantar, colher, pulverizar. Acreditamos que nos auxilia muito mais do que apenas olhar as previsões regionais”, conta Gilberto Goellner, presidente do Grupo Girassol.
Equipamento
Na Sementes Oilema, no oeste da Bahia, o check-list de produção é seguido à risca. Começa antes do plantio, no trato do solo e na revisão das plantadeiras para distribuição correta das sementes.
Durante a operação no campo, continua com o monitoramento para ajustar o que for preciso.
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“Para se usar boas práticas de semeadura, nós temos dois momentos importantes: um antes do plantio e um durante o plantio. Antes do plantio precisa ter um cuidado na revisão das plantadeiras, procurando dar ênfase ao mecanismo de distribuição de sementes e de corte de palha. Durante o plantio, é preciso monitorar possíveis falhas, como espaços, sementes muito fundas, rasas, envelopadas ou expostas, para corrigir o problema o mais rápido possível, de preferência em tempo real”, conta Celito Missio, diretor-presidente da Oilema.
O engenheiro Thiago Moreira Barros lembra que, na hora da colheita, o maquinário deve estar limpo e regulado para evitar perdas. “O mesmo vale para o caminhão, que precisa estar muito limpo para evitar qualquer tipo de contaminação”.
Beneficiamento
Na unidade de beneficiamento, a semente passa pela secagem e limpeza, depois é separada por tamanho e formato.
“Esse processo tira todas as sementes imperfeitas, grãos quebrados e sujeira. Vai fazer a limpeza da semente, deixar ela padronizada, o que ajuda no campo, na plantabilidade para o agricultor. Atualmente, a cada 100 quilos, conseguimos entregar 60 quilos de semente aprovada para o produtor”, afirma Lúcio Bertoli, gestor de produção da Sementes Oilema.
Depois de beneficiadas, as sementes são ensacadas em big bags, com capacidade para 5 milhões de sementes.
O cuidado não termina na produção. Ao chegar na propriedade, uma série de medidas devem ser tomadas.
“Quando o produtor recebe as sementes, ele precisa verificar se não houve condensação, se a semente não teve contato com água durante o transporte. A semente também precisa ficar distante de adubo. Dentro da propriedade, armazenar sempre na sombra, colocar o bag em algum pallet ou estrutura para evitar o contato com o solo, sempre em um local ventilado, com pouca umidade”, diz o doutor em Agronomia e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Rogério Coimbra.
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