Cesta básica aumentará 12% com tabela de fretes, aponta CNA

Inflação pode subir e chegar a 6% no fim do ano. Números foram apresentados ao ministro do STF, Luiz Fux, nesta quinta-feira

Foto: Ideme

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula aumento de 12,1% na cesta básica a partir de julho por causa do tabelamento dos fretes. A estimativa leva em conta os preços de produtos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, tubérculos, frutas e legumes, que representam mais de 90%. O estudo destaca que a população mais carente será afetada e que há riscos da medida afetar até mesmo a meta de inflação para o ano, podendo chegar a 6% ao fim de 2018. Esses números foram apresentados ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, em reunião na tarde desta quinta-feira, dia 28.

“O tabelamento fará com que as famílias brasileiras percam seu poder de compra. O governo elevou o salário mínimo para R$ 954, um acréscimo de R$ 17, enquanto o tabelamento deverá aumentar o custo da cesta de alimentos em R$ 53,4, valor três vezes maior”, diz a entidade em nota. Segundo a CNA, no segundo semestre as famílias gastarão mais de 50% do salário mínimo para adquirir esses alimentos.

Não houve acordo na reunião, que terminou perto das 14h. Apenas os representantes de caminhoneiros apresentaram uma nova proposta de preços. Segundo Diumar Bueno, presidente da CNTA, a tabela apresentada hoje representaria redução de 20% nos preços atuais.

O chefe da assessoria jurídica da CNA, Rudy Ferraz, afirmou que vai pressionar o ministro Luiz Fux para conceder liminar tornando inconstitucional a tabela antes do recesso do Judiciário, que começa nesta sexta-feira, dia 30. Caso Fux não decida, a pressão será sobre a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que ficará de plantão durante a folha da corte.

De acordo com a assessoria do ministro Fux, ele vai aguardar até a audiência pública convocada para o dia 27 de agosto para tomar uma decisão.

Inflação

A preocupação também é com a macroeconomia, com possível aumento da inflação. “Antes da greve, havia deflação. Após a greve e o tabelamento, houve reversão no quadro de estabilidade inflacionária. Antes, a inflação indicada era de 3,49%. Já o último relatório do Banco Central projeta 4%, demonstrando que o mercado já está precificando os impactos da instabilidade do tabelamento”.

Projeções da LCA Consultores mostram que, se os custos adicionais com transporte forem totalmente repassados aos produtores, indústria e consumidores, a inflação pode subir mais ainda e atingir o teto da meta, rondando 6% ao fim de 2018.

Caminhoneiros prometem parar

Mais cedo, em entrevista ao Canal Rural, um dos líderes do movimento nacional dos caminhoneiros e presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos do Sudoeste do Paraná, Jamir Bottega, afirmou que há possibilidade de nova paralisação caso a obrigatoriedade de preços mínimos para fretes seja derrubada pelo STF.

Diumar Bueno também afirmou que sempre há possibilidade de greve e que qualquer medida que derrube a tabela obrigatória seria como “fogo em gasolina”.