A primeira semana do outono ainda promete levar muita chuva para as regiões Sul e Norte, norte e leste do Nordeste e Espírito Santo. O período será caracterizado por grande acumulado de chuva em alguns estados, o que mantém elevado o risco para deslizamentos de terra e encostas.
No litoral do Espírito Santo, o volume de chuva pode passar de 250 milímetros entre terça (22) e quarta-feira (23), por conta da passagem da mesma frente fria que provocou temporais em Petrópolis (RJ) no último fim de semana (veja abaixo). A chuva nas áreas de café não será tão intensa e vai ajudar a aumentar a umidade do solo.
Entre quarta e sexta-feira (25), uma frente fria vai levar temporais ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sudoeste do Paraná. Estimam-se acumulados em torno de 150 milímetros na metade norte do Rio Grande do Sul e extremo oeste de Santa Catarina. “A chuva paralisa as atividades de colheita e manutenção da soja, mas deixa o solo úmido e favorece o desenvolvimento de áreas instaladas de forma mais tardia”, afirma o meteorologista da Climatempo Celso Oliveira. Segundo ele, a umidade do solo vai aumentar pelo menos 20 pontos percentuais nesta semana no oeste e noroeste do Rio Grande do Sul.
Além disso, há previsão de elevados acumulados de chuva ao longo da semana na Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e em boa parte da região Norte. A chuva ajuda no desenvolvimento de culturas de subsistência no interior do Norte e Nordeste, além da segunda safra de milho do Matopiba e de cana-de-açúcar da Zona da Mata nordestina. No entanto, a condição atrapalha atividades de colheita, transporte e embarque da soja no Maranhão.
Apesar de tanta chuva, há uma grande área no país que deve receber pouca precipitação nesta semana. Isso inclui o interior do Sudeste, boa parte do Centro-Oeste e o Vale do São Francisco, na Bahia. A situação é mais crítica entre o norte de Minas Gerais e o interior baiano, com longo período de estiagem e sem previsão de chuva forte, pelo menos nesta semana. Por outro lado, em Mato Grosso a diminuição da chuva ajuda na retomada das atividades de manutenção do milho e do algodão.
Na semana que vem, uma outra frente fria vai conseguir levar chuva para mais áreas do Brasil, como o oeste e norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e boa parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste. De forma geral, o acumulado não será dos mais elevados, devendo variar de 20 a 70 milímetros. Ainda assim, a chuva será importante para o desenvolvimento de culturas como milho, algodão e cana. Do norte mineiro ao Vale do São Francisco, o tempo ainda vai permanecer seco entre 28 de março e 1º de abril. Por outro lado, vai chover forte em boa parte do Norte e no norte e leste do Nordeste.
Algo que chamou a atenção nesta entrada de outono foi o declínio da temperatura no Sul e Sudeste. A capital paulista teve máxima de 30 °C no sábado (19) e já no domingo (20), a máxima não passou de 21 °C. “Nada extraordinário, é bem verdade, mas é possível afirmar que, pelo menos no aspecto da temperatura, o padrão La Niña retornou. Outra queda de temperatura mínima semelhante é esperada para os primeiros dias de abril”, afirma Celso Oliveira.
Chuvas no último fim de semana
O litoral de São Paulo, a Costa Verde Fluminense e a região serrana do Rio de Janeiro receberam chuva extremamente intensa no último fim de semana. Em Petrópolis (RJ), de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foram mais de 545 milímetros em 24 horas, o que correspondeu a mais de 3,5 vezes a média de chuva de todo o mês de março. Até as 10h desta segunda-feira (21), foram contabilizados cinco mortos e quatro desaparecidos.
A diferença desta chuva para a de 15 de fevereiro foi a distribuição. Apesar de em fevereiro ter chovido “apenas” 260 milímetros, a precipitação caiu de uma só vez. Agora, a chuva foi um pouco mais bem distribuída. O acumulado de chuva alcançou 415 milímetros em Bertioga (SP), 355 milímetros em Ubatuba (SP) e 300 milímetros em Angra dos Reis (RJ). Em Santos (SP), a chuva não foi tão intensa, mas ainda assim atrapalhou os embarques de soja.
Além disso, em sete dias, a chuva foi mais intensa do que a média semanal em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Triângulo Mineiro, Goiás, Mato Grosso e boa parte das regiões Norte e Nordeste. Por outro lado, há mais de 30 dias não chove intensamente em boa parte de Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia. A cultura do café exige irrigação complementar no Espírito Santo e há preocupação com o desenvolvimento da segunda safra de milho e safra de algodão entre Minas Gerais e Bahia.