O primeiro painel do Fórum Planeta Campo abordou o tema COP26: os compromissos do agro, contando contou com a participação de Fernando Camargo, secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); e Eduardo Assad, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Mediado pelo diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, os painelistas levantaram os principais pontos expostos durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro.
Segundo Ferreira, Glasgow disse o que o mundo deve fazer. “O desafio agora é como fazer”, completou.
A redução da emissão de metano não assusta o especialista em agronegócio da FGV, Eduardo Assad. Com relação à COP26, ele afirmou que o país chegou humilde e saiu como exemplo para o mundo.
“Ao mesmo tempo, o país poderia ter tido uma posição muito mais firme na conferência, com o compromisso de fazermos uma agricultura equilibrada, mas perdemos esse lugar no mundo nos últimos dois anos. Chegamos na COP26 de joelhos e saímos em pé”, disse.
O secretário do Mapa Fernando Camargo participou de debates mostrando que o Brasil pode compartilhar suas experiências com países semelhantes, ajudando a promover resiliência, adaptação e mitigação de emissões de gases do efeito estufa.
“A prioridade é implementar o Plano ABC + e trazer as universidades para esse mesmo barco. Além disso, afazer a intensificação de animais, meta de 5 milhões e redução do tempo de abate”, destacou o secretário.
Por meio da disseminação de técnicas de produção sustentáveis, o objetivo do ABC+ é disseminar as tecnologias de baixa emissão de carbono a mais 72 milhões de hectares de terras agricultáveis, promovendo ganhos de produtividade em terras agrícolas já consolidadas, sem a necessidade de converter novas áreas à atividade produtiva.
Vale destacar que já existem tecnologias e práticas disponíveis para redução das emissões na atividade pecuária – como melhoria da alimentação para que o ciclo pecuário reduza de 3,5 anos para 2 anos, entre outras.
A conferência mundial foi vista como a oportunidade para se definir ações que levariam o mundo a conter o impacto das mudanças climáticas a um aumento de no máximo 1,5 °C na temperatura média da Terra comparado ao período pré-industrial.
Compromissos brasileiros assumidos
As primeiras explanações do primeiro painel do Fórum Planeta Campo contextualizaram os compromissos brasileiros assumidos durante a COP 26:
- mitigar 50% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030
- zerar o desmatamento ilegal até 2028: 15% por ano até 2024, 40% em 2025 e 2026, e 50% em 2027, comparando com o ano de 2022;
- restaurar e reflorestar 18 milhões de hectares de florestas até 2030;
- alcançar, em 2030, a participação de 45% a 50% das energias renováveis na composição da matriz energética;
- recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas;
- incentivar a ampliação da malha ferroviária.
Florestas e metano
Durante a COP26, o Brasil também assumiu outros dois compromissos: a “Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra” e o “Compromisso Global de Metano”.
A Declaração dos Líderes sobre Florestas foi liderada pelo Reino Unido e conta com 110 países, representando 85% das florestas do planeta, e tem como objetivo principal acabar com o desmatamento até 2030. Segundo o MapBiomas, 99% do desmatamento que ocorre no país hoje é proveniente da ilegalidade.
Compromisso global na COP26
O Compromisso Global de Metano reúne um grupo de mais de 100 países, liderados pelos Estados Unidos e pela União Europeia, e tem como objetivo principal reduzir as emissões do gás metano em 30% até 2030.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o metano tem um potencial de aquecimento atmosférico quase 28 vezes maior do que o do dióxido de carbono em um período de 100 anos. Mesmo apresentando uma concentração no ar muito menor e dure menos tempo na atmosfera, ele é responsável por 30% do aquecimento do planeta desde o período Revolução Industrial, e suas emissões vêm crescendo exponencialmente nas últimas décadas.
Embora haja emissões naturais de metano, a ONU aponta que 60% delas vêm de atividades humanas, notadamente a produção e queima de combustíveis fósseis para a produção de energia, agropecuária e a gestão do lixo. Contudo, como reiteraram os líderes em seus discursos na COP-26 nesta terça-feira, há meios eficientes de reduzir as emissões dentro do prazo estipulado, contribuindo para o controle do aquecimento do planeta e ajudando a própria economia.