Em um momento de incertezas sobre o impacto do avanço do coronavírus sobre a atividade, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia traçou diferentes cenários para o contexto brasileiro e, em seu cenário base, vê a possibilidade de um efeito negativo de 0,3 ponto porcentual sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em um cenário otimista, por sua vez, o impacto seria menor, de 0,1 ponto porcentual. Já num cenário pessimista, a redução poderia ser de até 0,5 ponto porcentual. A SPE incluiu uma nota específica sobre o efeito do coronavírus na economia brasileira em seu Boletim Macrofiscal de março.
No documento, o órgão afirma que os principais canais de transmissão são a redução das exportações (sobretudo de commodities, principal item da pauta da balança comercial brasileira), a queda nos preços internacionais de commodities e o aumento do valor de insumos importados. A interrupção da cadeia produtiva de alguns setores também é um risco, segundo a SPE.
De acordo com o órgão, a paralisação da produção e do escoamento de bens intermediários chineses (a China é o epicentro da epidemia), importantes para a indústria brasileira, pode afetar a produção de manufaturados em alguns setores, induzindo a uma redução nos estoques. Outros fatores que podem influenciar são a queda no fluxo de pessoas e mercadorias e a redução nos preços dos ativos, com piora nas condições financeiras.
“Após o aumento expressivo no número de novos casos fora da China, houve aumento na volatilidade dos mercados e na demanda por ativos de menor risco. O aumento na incerteza e piora nas condições financeiras podem desta forma impactar os investimentos no curto prazo e dificultar o acesso a crédito”, diz a SPE.
Apesar disso, a Secretaria não incluiu esse canal nas simulações por avaliar que a contaminação por essa via depende de um agravamento na epidemia. A SPE avalia também que a infecção pode ter um efeito forte sobre a produtividade.
Ao todo, a Secretaria simulou 81 cenários diferentes, que vão de uma queda de 0,10 ponto porcentual até uma redução de 0,66 pp no PIB brasileiro decorrente desse fator.