Horas depois de anunciar o aumento do preço do diesel, na noite desta quinta-feira, dia 11, a Petrobras voltou atrás e informou que manterá “por mais alguns dias” o preço praticado desde 26 de março, quando mudou sua política de reajustes.
No mês passado, diante do risco de nova greve dos caminhoneiros, a empresa anunciou que os preços do diesel nas refinarias, que correspondem a cerca de 54% do total pago pelo consumidor, passarão a ser reajustados “por períodos não inferiores a 15 dias”. A estatal informou também, à época, que “continuará a utilizar mecanismos de proteção, como o hedge com o emprego de derivativos, cujo objetivo é preservar a rentabilidade de suas operações de refino”.
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Nesta quinta, exatos 15 dias úteis depois do anúncio, a Petrobras anunciou reajuste de 5,7%. O litro passaria de R$ 2,1432 para R$ 2,2662.
A alta seria a maior desde que os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos. Até então, a maior alta havia sido de 3,5%, registrada em 23 de fevereiro.Com exceção desses dois casos, os preços variaram em intervalos de 1% a 2,5%.
Voltando atrás
À noite, no entanto, a Petrobras divulgou nota afirmando que “em consonância com sua estratégia para os reajustes dos preços do diesel divulgada em 25/3/2019, revisitou sua posição de hedge e avaliou ao longo do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel”.
A empresa afirmou ainda que manterá o alinhamento com o Preço de Paridade Internacional (PPI). A nota não dá outras informações sobre os motivos que levaram ao adiamento do reajuste.
O que dizem os especialistas?
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, diz que o presidente errou ao mandar a petroleira segurar o reajuste. “Decepcionou o mercado, que não esperava isso dele, principalmente pelo discurso de que a Petrobras precisa ter independência na política de preço”, diz.
Segundo Pires, o preço do petróleo subiu quase 60% desde janeiro e isso precisaria se refletir na bomba. “Mas o governo não aguentou por medo dos caminhoneiros. Esse tipo de intervenção causa muito mais problemas do que benefícios”, afirma.
André Perfeito, da Necton Corretora, disse que o mercado financeiro “acordou com um baita susto” e a decisão do governo “pegou mal entre investidores que entendem que a continuidade da política de preços é uma das forças da estatal”.
Para o comentarista Miguel Daoud, a medida de Bolsonaro foi correta e o presidente deve apresentar um novo modelo de política de preço. “Não foi intervenção”, enfatiza.