Em meio às comemorações do Dia Mundial do Frango – data celebrada nesta terça-feira (10), estabelecida pelo Conselho Mundial da Avicultura (IPC, sigla em inglês) – a avicultura do Brasil e do mundo experimentam grandes desafios para a manutenção da capacidade competitiva, da sustentabilidade, do status sanitário e de seu papel como uma das principais fontes de proteína animal para a humanidade.
Esta é a avaliação do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
No quadro global, os custos de produção e a crise sanitária internacional de influenza aviária são os principais fatores.
O conflito entre Rússia e Ucrânia aumentou a pressão sobre os preços internacionais de grãos – no caso do milho, as duas nações representam 17% do comércio mundial.
Ao mesmo tempo, milhões de aves foram abatidas na França, EUA e outros países da União Europeia, América do Norte, Ásia e África.
“Somados, os dois fatores vêm sustentando os preços internacionais da carne de aves, com redução de oferta em alguns locais devido aos abates sanitários e com a diminuição das atividades de empresas avícolas ucranianas, que são exportadoras relevantes”, avalia Santin.
Já no Brasil, com consumo e exportações em patamares elevados, a cadeia produtiva da avicultura experimenta enormes desafios para a manutenção da competitividade e da sustentabilidade do setor.
No mercado interno, a carne de frango é a mais consumida pelo brasileiro.
De acordo com dados do Relatório Anual da ABPA, o consumo per capita do produto alcançou 45,56 quilos em 2021.
É o segundo maior índice já registrado pelo setor, que desde 2010 mantém níveis de consumo acima de 40 quilos per capita. Nas exportações, os países da Ásia (especialmente, China), Europa, África e nações das Américas seguem com forte demanda pelo produto brasileiro.
Até o primeiro trimestre, as vendas internacionais do produto brasileiro estavam 10,2% superiores ao registrado no mesmo período de 2021 (ano de recorde das exportações), com total de 1,142 milhão de toneladas exportadas.
A expectativa é de novas elevações em abril, com vendas mensais acima de 410 mil toneladas.
“O quadro comercial e de consumo é favorável ao produto brasileiro. Entretanto, o setor vive a sua mais severa crise de custos de produção, com altas superiores a 100% no milho e no farelo de soja, acumuladas ao longo dos dois últimos anos e com especial impulso neste início de 2022. Adicione a isto as elevações dos custos de fretes marítimos, do diesel, das embalagens de plásticos e papelão e diversos”, analisa Santin.
O presidente da ABPA avalia que não há expectativa de arrefecimento dos custos no curto e médio prazo.
Pondera, entretanto, que mesmo diante das elevações de custos e inevitável repasse de preços aos consumidores internos e internacionais, não faltarão produtos nas gôndolas brasileiras.
“A carne de frango é um alimento básico não apenas no Brasil. É um dos poucos produtos que não enfrenta restrições religiosas, por isso, figura entre as principais fontes de proteína de nações com os mais diversos hábitos culturais. Por este motivo, o Brasil, como maior exportador global e fornecedor para cerca de 150 nações pelo mundo, deverá manter seu protagonismo internacional, especialmente neste momento em que o mundo enfrenta redução da oferta do produto. Ao mesmo tempo, a oferta de produtos também será mantida para o consumidor brasileiro”, avalia.
O Brasil é hoje um dos maiores produtores mundiais de carne de frango, e o mercado interno é o principal destino dos produtos. Conforme dados da ABPA, 67,83% das 14,329 milhões de toneladas produzidas em 2021, foram destinadas às gôndolas dos supermercados brasileiros. Para o exterior, foram exportadas 4,610 milhões de toneladas, o equivalente a 32,17% do total.