A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento de 22% para o Rio Grande do Sul, o que onera os consumidores em R$ 0,10 a mais por quilowatt. Produtores gaúchos que usam câmaras frias para armazenar frutas, como é o caso de Márcio Concli, estão com dificuldade para equilibrar os gastos. “É o que mais consome. Era uns R$ 150 ou R$ 200. Agora, está em R$ 2,5 mil e R$ 3 mil”, conta.
Para driblar a situação e poupar recursos, alguns agricultores de Bento Gonçalves (RS) estão produzindo energia elétrica por conta própria. O agricultor Gilmar Cantelli investiu R$ 48 mil em placas fotovoltaicas, instaladas no pátio da casa. Com isso, ele conseguiu reduzir a conta para menos de 25% do valor comum em épocas de irrigação – passou de R$ 1 mil para R$ 230.
Em 2012, a Aneel permitiu que micro e mini geradores, que utilizem fontes renováveis, conectem-se à rede pública. Assim, o produtor paga apenas uma quantidade obrigatória para a concessionária. “Só a taxa mínima. O sistema vai se pagando, porque, aparentemente, requer pouca manutenção”, diz Cantelli.
O representante comercial da Solar Inove, Otávio Oliveira, salienta que a produção depende apenas da luz solar, mais abundante das 10h às 14h. “A placa capta a luz, transforma em energia elétrica, passa pelos inversores, utiliza e a sobra vai para rede, criando um crédito”, esclarece.
Para Oliveira, a produção de energia em propriedades ainda é muito pequena, no Brasil: pouco mais de 23 mil unidades. Avicultura e fruticultura lideram no número de instalações.
Incentivo
O governo federal tem uma linha de crédito específica do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para instalação de placas fotovoltaicas. Cantelli, por exemplo pegou recursos junto a um banco público e pagará em oito anos. Os juros serão de 2,5% ao ano.
Cantelli afirma que a instalação do sistema condiz com a forma de trabalho na propriedade, que tem como base o sistema agroecológico. “A propriedade tem que ser o mais autossustentável possível”, esclarece.
É importante ressaltar que o crédito é destinado a agricultores de nível familiar. Enquadram-se nesse recorte aqueles que têm até quatro módulos fiscais; renda de até 360 mil reais por ano; e mão de obra predominantemente familiar.
O coordenador-geral do Pronaf na Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), José Henrique da Silva, diz que o produtor pode acessar até R$ 165 mil e cobrir 100% do empreendimento. No site do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é possível conferir o passo a passo do financiamento.