No início desta semana, o Bradesco se desculpou por um vídeo, publicado na semana passada, em que oferecia dicas de como reduzir a pegada de carbono.
Na peça publicitária, que já foi retirada do ar, uma jovem sugere reduzir o consumo de carne e adotar a prática de comer um prato sem carne pelo menos um dia da semana, às segundas feiras, no movimento que ficou conhecido como Segunda Sem Carne.
A iniciativa fazia parte de uma ferramenta lançada pela instituição financeira que permite que os clientes possam calcular a emissão de carbono.
Repercussão
O vídeo foi mal recebido pelas entidades do agronegócio.
Em nota, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), disse que “é inacreditável que uma instituição financeira preste um desserviço social como este, desaconselhando o consumo desta excelente fonte de proteína, cujos benefícios já foram cientificamente comprovados”.
Também por nota, o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), afirma que “os modelos de produção que utilizam pastagens produtivas para a criação de bovinos contribuem positivamente para o balanço de carbono, sequestrando como gasto desse gás que produção a pecuária emite. Dessa forma, podemos dizer seguramente que a pecuária brasileira já resolve seus problemas com carbono. Além disso, vale ressaltar, que nosso código florestal é exigente e foi construído a várias mãos, considerando órgãos de pesquisas nacionais e internacionais, terceiro setor, órgãos públicos e privados e amplamente discutido. A aplicação de nosso CF garante a preservação de mais de 60% do território brasileiro. Dessa maneira, não é aceitável associar a responsabilidade integral pela emissão de gases de efeito estufa com a pecuária brasileira, tão pouco faz sentido ou possui respaldo científico a sugestão de reduzir o consumo de carne bovina no Brasil”.
Já a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) pleiteia que o Bradesco faça uma campanha esclarecendo a importância do setor pecuarista brasileiro e que este adota, em sua imensa maioria, práticas sustentáveis.
“A pecuária brasileira, em especial a paulista, avança cada vez mais em práticas sustentáveis. Tanto que exporta para todo o mundo, incluindo os mercados mais exigentes neste quesito. Ainda assim, frequentemente é vítima de desinformação, como neste caso envolvendo a instituição financeira”, ressalta o presidente da entidade, Fábio de Salles Meirelles.
Bradesco
Nesta segunda-feira (27), em nota, o banco afirmou que “ao longo de seus quase 79 anos de história, o Bradesco sempre apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro, estabelecendo parcerias sólidas e produtivas”.
No mesmo texto, o Bradesco deixa claro que a posição do vídeo não representa a visão do banco. “Pelo contrário. O Bradesco acredita e promove, direta e indiretamente, a pecuária brasileira e, por conseguinte, o consumo de carne de origem animal”.
O texto é assinado pelo CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior.