Érico Kolya trocou a vida na cidade pelo campo há dois anos, dividindo sua rotina entre a queijaria e o computador. A tecnologia, para o sítio localizado em Cabreúva (SP), é usada para divulgar fotos e vídeos da produção. O empreendedor reforça que, estando no meio rural, é necessário apresentar o trabalho e o melhor caminho são as redes sociais. “É super importante ter uma página no Instagram e Facebook, um site que mostre o que a gente faz e também o nosso conceito e filosofia da produção”, diz.
Mas fazer divulgação é uma tarefa mais difícil sem acesso à internet de qualidade. Kolya, por exemplo, depende do plano 3G do celular. Ele roteia o sinal do equipamento para conectar o notebook, porém nem sempre os aparelhos se comunicam corretamente. A falta de sinal também impede pagamento via cartão de crédito e emissão de boletos.
“Eu tenho que me planejar. Geralmente vou para São Paulo e encosto em um café. Não é o ideal, por ser muito barulhento, mas é a forma que encontro de falar com alguém via skype”, relata. Segundo o vendedor, às vezes, nem sinal para ligação ele tem.
Abrir um empório em São Paulo está nos planos de Marina Asnis, mas ela tem encarado todos os problemas da falta de conectividade. “Fui a uma queijaria em Porto Feliz, peguei um monte de queijinhos, na hora que passei o cartão, ele disse: ‘Não deu’. Falei que ia tentar de novo, ele responde: ‘Sinto muito, mas não vai dar’”, conta. Segundo ela, a sorte foi ter dinheiro na carteira. “Infelizmente, também não é culpa deles”, completa.
Melhorou, mas nem tanto
Em um ano, o Brasil ganhou 10 milhões de novos usuários na internet, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2016 e 2017, o percentual de pessoas conectadas na zona rural passou de 32% para 39%. Enquanto o número de pessoas que diz não ter acesso à rede nas cidades é de 1%, o índice no campo é muito maior: 21%.
“É uma grande dificuldade que o Brasil precisa aprimorar. Nosso país está bem defasado em relação ao resto do mundo”, afirma André Cardoso da Silva, consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
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Para o produtor de vinhos Rodrigo Ismael, a conectividade deixou de ser problema. Ele tem uma propriedade voltada ao turismo rural na Serra da Mantiqueira, interior de São Paulo, e instalou internet via satélite. “Preciso informar aos meus clientes o que a gente vai oferecer, porque trabalhamos com reservas antecipadas”, explica.
Além da comunicação direta, a conexão facilitou o pagamento da clientela. “Os meus recebimentos eram feitos em dinheiro, cheque e depósito posterior. Passou a ser feito praticamente 90% via cartão de crédito”, relata.
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