Quanto custa receber uma informação rápida no agronegócio? Para o produtor rural, que poderia diminuir custos de produção e aumentar a competitividade com um dado precioso, vale muito. Mesmo com a conhecida realidade da falta de internet no campo, esse mundo de conexão entre máquinas, pessoas e coisas, chamado de Agricultura 4.0, está mais próximo e pode ganhar força neste ano.
Pensando em utilizar a internet como uma aliada, foi apresentado durante a 26ª Agrishow, uma das maiores feiras da América Latina, o Conectar Agro, uma parceria inédita entre oito empresas para concretizar a chegada da internet 4G em todas as áreas rurais e para todos os agricultores.
- Agrishow – empresas de tecnologia criam projeto para levar internet ao campo
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Falta de internet no campo faz produtor perder tempo e dinheiro
A transição para a agricultura digital, que já é considerada por alguns como a quarta revolução, depois da agricultura de precisão, deve acontecer através da frequência 4G 700 MHz, que foi liberada recentemente no país após o desligamento do sinal analógico de televisão.
Guilherme Belardo, gerente de produto da Climate FieldView para a América do Sul, negócio de agricultura digital da Bayer, explica que esta frequência é uma das melhores bandas para a chamada internet das coisas, com longo alcance do sinal e de boa qualidade, o que permite enviar uma quantidade grande de dados.
Segundo ele, o objetivo do projeto é que em 2019 cerca de 5 milhões de hectares tenham cobertura da tecnologia 4G. A estimativa foi feita com base em estudos, mas há chances de o tamanho da área ser ainda maior. Isso significa atingir cerca de 10% da área total plantada de grãos no Brasil. Atualmente, o acesso à internet alcança apenas 700 mil hectares.
Competitividade
A parceria das empresas, através do Conectar Agro, dá um passo importante em direção a uma rede maior de internet no campo, algo que nos Estados Unidos já se consolidou. Enquanto boa parte do cinturão agrícola norte-americano conta com ótima conectividade, regiões de Mato Grosso, maior estado produtor do Brasil, enfrentam a falta de sinal. O principal impacto na vida dos agricultores é a competitividade.
A partir do momento em que os agricultores dos EUA conseguem ter maior cobertura de internet, as ferramentas digitais vão fazer com que eles melhorem cada vez mais a produtividade, diminuindo os custos de produção e se tornando mais competitivos, explica o gerente da Climate. “Se não tivermos esse tipo de iniciativa, vamos perder vantagem competitiva”, ressalta.
Como vai funcionar?
Com o sinal de internet chegando na fazenda, o produtor rural vai conseguir receber os dados da lavoura em tempo real. “A gente tem soluções que conseguem fazer com que o dado fique disponível diariamente, mas quando ele tiver essa informação em tempo real, o valor que as ferramentas digitais levam para ele [produtor] é muito maior”, comenta Belardo.
“Você vai ter o tráfego de dados, que vai gerar informações através dos produtos digitais que as empresas desenvolvem. Então, esses produtos vão poder mostrar uma visão melhor da fazenda e quando o produtor for tomar uma decisão, ele estará tomando baseado em um dado, que virou informação e chegou de uma maneira fácil de entender”, explica.
Custo
A implementação da tecnologia tem custo de até 0,5 saca de soja por hectare. Após o investimento inicial, o produtor rural pagará apenas pelo serviço da internet 4G.
*A jornalista viajou a convite da Bayer CropScience