Um dos animais que mais chamam a atenção de quem visita a ExpoZebu, realizada em Uberaba (MG), é o Guzerá. Imponente, os exemplares logo chamam a atenção pelos vistosos chifres, o maior entre os zebuínos.
Mas a história desta raça vai muito além da aparência física. Originária da Índia, este animal já foi registrado em diversos documentos históricos ao longo dos últimos cinco mil anos justamente por estar presente em terrenos áridos como nas regiões que hoje ficam o Iraque.
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No Brasil, como era de se esperar, foi um animal que se destacou em terrenos onde animais de outras raças não sobreviviam, tanto que ficou conhecido por ter enfrentado a grande seca nordestina entre os anos de 1978 e 1983 com a produtividade em dia.
Foi por causa deste histórico invejável que a Esperança Agropecuária, maior produtora de leite da região Nordeste, investiu no melhoramento da raça e passou a desenvolver um gado ainda mais leiteiro: o guzolando, cruzamento entre holandês e guzerá.
“Mediante a todas essas diversidades climáticas que enfrentamos aqui no Ceará, nossa matriz genética é toda baseada no guzerá e temos no guzolando uma raça forte na produção, pois alinhamos a rusticidade de uma raça com a famosa produtividade da outra, o que nos tornou os maiores produtores das regiões Norte e Nordeste”, contou Alberto Oliveira Galvão Filho, gerente administrativo da Esperança Agropecuária.
A propriedade produz, atualmente, mais de 1 milhão de litros de leite por mês, com 2 mil animais em lactação e cerca de 2,5 mil em recria. A alimentação é baseada em forragem e silagem, junto com ração. “Na época mais dificultosa, produzimos cerca de 18 litros por animal ao dia, mas conseguimos ter 24 litros por animal na média anual”, contou.
A média de produção na fazenda cearense é a mesma da fazenda Ygarapés, que fica na região de Governador Valadares (MG). Na propriedade, a família Figueirêdo cria guzerá desde 1958 e desenvolve animais guzolando desde 1963, como lembra Marcos Figueirêdo, o Mica. “O Brasil ainda não conhece o potencial da raça guzolando, que é altamente produtiva. Em 1963, meu pai tinha sete filhos para criar e resolver seguir, sabiamente, o conselho de um médico veterinário para fazer a cruza. E foi desta maneira que, com o guzolando, ele conseguiu criar muito bem seus sete filhos”, contou.
Mica destaca que o guzolando herdou do guzerá a rusticidade e longevidade, tanto que em seu plantel existe vaca com 20 anos e que continua a produzir como uma jovem.
Apesar de não enfrentar as secas do Nordeste, o criador mineiro lembra que a região do nordeste mineiro pode passar por temperaturas muito elevadas. “No ano passado, o termômetro bateu 51º no sol. Além disso, temos uma topografia com montanhas que exige muito vigor físico do animal e o guzerá se adapta muito bem a isso”, falou.
Segundo Mica, os animais da raça são sucesso de venda em leilões que ele promove na região e quem compra não abandona mais a raça.
Muito além dos chifres
Como dissemos no início deste texto, o guzerá chama a atenção de quem o vê pela beleza dos chifres longos e pontudos. Mas, segundo o criador mineiro, ao longo dos anos a seleção genética foi eliminando os animais agressivos e o que sobrou foram bois e vacas extremamente dóceis.
“Ele é muito mais manso do que todos imaginam. Em 32 anos de fazenda, nunca presenciei nenhum acidente onde pessoas ou cavalos saíram machucados. Ao longo dos anos, meu irmão que cuidou da seleção genética foi eliminando os animais de temperamento ruim e hoje é possível passar a mão em qualquer um deles sem problema algum”, finalizou.