A equipe econômica do governo quer acabar com a isenção de imposto de renda em algumas aplicações financeiras, entre elas, a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), título que ajuda a levantar recursos para o crédito rural. Se, por um lado, o fim da isenção pode trazer mais recursos ao governo por meio do imposto de renda, por outro, deixaria o título menos atrativo, e consequentemente obrigaria o governo a buscar alternativas para compor o montante destinado ao setor produtivo no plano safra.
Do valor total de crédito rural ofertado na safra 2018/2019, R$ 29,6 bilhões vieram da LCA, o que representa 16,9%. Já no crédito para comercialização, o título representou 40,5% dos recursos totais da safra passada.
O diretor da Wedekin Consultores, Ivan Wedekin, afirma que não há alternativas à LCA como recursos para o crédito rural. “Não vejo como arrumar R$ 30 bilhões em outro lugar. Nem os bancos emprestariam esse montante a juros de mercado”, diz.
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Caso o ministro da Economia, Paulo Guedes, leve o projeto adiante, a agropecuária poderá contar com menos recursos na próxima safra. “Querem alterar a agricultura do Brasil, que está entre as que custam menos ao Tesouro entre os principais países produtores do mundo. Vamos botar fogo em um setor que contribui e cresce?”, pergunta Wedekin.
Esta não é a primeira vez que o governo discute o fim da isenção de títulos como LCA e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). O governo de Michel Temer tentou mudanças por duas vezes, mas não conseguiu levar a ideia adiante.