Produtor dá dicas de manejo de frango orgânico

Animais são criados dentro de uma legislação estabelecida e se alimentam de produção 100% orgânica

Um produtor de Santo Antônio do Descoberto, no interior de Goiás, largou a carreira no mercado financeiro e apostou na produção orgânica. O projeto de 14 anos de Carlos Caetano virou realidade em 2015 com a certificação aprovada. A aposta no frango orgânico exigiu estudo técnico e adaptação para atender a legislação brasileira para produtos orgânicos.

Na área coberta o espaço é de 10 aves por metro quadrado, e nos piquetes um frango a cada dois metros quadrados e meio. Uma das baias serve de  enfermaria para quando alguma ave apresenta algum problema, mas nada de medicação convencional, a legislação dos orgânicos só permite as vacinas obrigatórias contra newcastle e marek.

–Toda lógica de cuidado da saúde é preventiva, a gente usa as ervas fitoterápicas como elemento de prevenção. Quando alguma ave apresenta algum tipo de problema, isolamos o animal num pequeno espaço para uma alimentação controlada, para que se recupere mais rapidamente – explica.

Na estrutura que o produtor adaptou é possível engordar 15.600 aves por ano, escalonadas em 300 por semana, com ciclo entre 84 e 100 dias. Caetano conta que, por enquanto, está usando apenas 30% da capacidade.

Ele diz que o mais difícil é garantir a alimentação totalmente orgânica. Produz milho e soja orgânicos, e acrescenta sete ervas fitoterápicas: Confrei, Mastruz, Calêndula, Espinheira Santa, Penicilina Vegetal, Artemísia e Alecrim. Ele também mistura alho no milho triturado. A conta é simples: a cada 150 quilos de ração 150 gramas de ervas. O único ingrediente comprado fora é o núcleo vitamínico mineral orgânico. No piquete tem capim tifiton, a sombra de árvores que fornecem alimentação complementar, como amora e o urucum que ajudam na pigmentação mais escura do frango. 

Para garantir o selo de orgânico Caetano fez um plano de manejo completo desde a chegada do pinto até o final do abate, que inclui os tratamentos sanitários, nada de medicamento convencional. Outro plano de manejo é o vegetal, toda  alimentação tem que ser comprovadamente orgânica. Os dois planos de ação são encaminhados para uma certificadora, existem quatro empresas que fazem a certificação, uma em Santa Catarina, duas em São Paulo, uma no Paraná e outra no Rio Grande do Sul. Depois de aprovada, para manter o selo de orgânico são feitas auditorias anuais ao custo de R$ 1.200, na parte animal de manejo e mais R$ 600 na parte vegetal, como a produção de ingredientes da ração. A propriedade precisa estar em dia com as questões ambientais e sociais. 

Mercado ainda confunde o orgânico com o caipira

A diferença entre o frango orgânico e o frango caipira está basicamente no manejo. O frango caipira é criado solto sem uma área definida, a ração não é orgânica e quando as aves ficam doentes recebem medicamento tradicional, e cada lote demora até três vezes mais para finalizar a engorda, são mercados diferentes, mas só o frango orgânico tem uma legislação definida.

– Se o frango se alimenta apenas de produção da roça, é um frango caipira. Mas quando você estabelece uma normativa em cima de uma produção orgânica certificada para virar produção de grãos certificado, vira um frango orgânico. O frango orgânico precisa se alimentar de rações de origem orgânica – explica o agrônomo Celso Tomita.

Comércio

O produtor Carlos Caetano investiu R$ 600 mil para dominar o ciclo completo, incluindo a produção de grãos orgânicos, e espera recuperar no prazo entre oito e 10 anos. O produtor sabe que ainda tem o desafio de conquistar clientes, por isso está vendendo abaixo no custo.

Os primeiros frangos orgânicos certificados chegaram a algumas lojas especializadas em Brasília, um trabalho de marketing para conquistar os adeptos da alimentação mais saudável.  

– Nós temos a feirinha orgânica todo sábado das 9h às 13h, onde são comercializados vários produtos. O frango orgânico é novidade no mercado e devido ao certificado é bastante procurado por nossos clientes. Tem bastante gente que vem por curiosidade, compra o produto e depois vira cliente – salienta a vendedora Tatiana Borges.