As diferentes realidades no campo apresentam desafios para a conexão no meio rural.
Enquanto o 4G, a internet via satélite, a banda larga, a fibra e outras formas de conexão já conhecidas conectam e aproximam pessoas, o 5G será a revolução do uso dos mais modernos dispositivos. Foi o que o lançamento da antena de 5G no Instituto Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba, demonstrou, nesta quinta-feira (2).
“O Brasil tem a responsabilidade de alimentar o mundo e isso significa produzir. A população do mundo cresce de forma vertiginosa e, em 2050, teremos 9 bilhões de pessoas vivendo no mundo. A produção do Brasil tem essa responsabilidade de suprir toda essa população que vem por aí. O agro brasileiro tem capacidade para isso e o 5G será a cereja do bolo”, declarou o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes, que participou do evento.
O 5G permite uma conexão de altíssima potência e velocidade, com baixa latência, ou seja, o tempo gasto (medido em milissegundos) para que o dispositivo tenha uma resposta da torre de celular ou do link de rádio da conexão é baixíssimo. Tudo isso permite que drones e sensores transmitam dados em tempo real, máquinas se conectem para a máxima eficiência de sistemas operacionais de irrigação e de monitoramento de lavouras a partir de veículos autônomos.
A experiência da agricultura digital no Giro 5G no Agro, em Uberaba, ainda demonstrou como acessórios registram o comportamento dos animais. Uma coleira monitora o rebanho de bovinos de leite: ruminação, respiração, período de ócio e de atividades, índices de saúde (nutrição, cio, proximidade do parto).
Com a conexão, também é possível utilizar sistemas para análise de campo com a identificação da qualidade e vigor de sementes e grãos, análise de nutrição animal e situação do solo, além de gerar relatório sobre a situação das pastagens, permitindo identificar o grau de degradação por sistema mobile.
A recuperação das pastagens, inclusive, é uma das ações do Plano ABC+, que amplia o escopo para 30 milhões de hectares com a capacidade produtiva das pastagens degradadas. As práticas para recuperação de pastagens degradadas buscam incrementar o estoque de carbono, além de permitir maior infiltração e armazenamento de água. Reduz, ainda, a erosão e aumenta a capacidade adaptativa a secas prolongadas.
Conexão 5G no Agro
A inauguração da antena de conexão 5G em Uberaba integra as ações de conexão no campo desenvolvidas pelo Mapa em parceria com o Ministério das Comunicações. As instalações e testes das antenas 5G em regiões de destaque no agro já foram realizadas em Rondonópolis (MT), na área do Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMAmt); em Sorocaba (SP), na área do Centro Universitário Facens; em Londrina (PR), no espaço de Vitrine de Tecnologias da Embrapa Soja.
A antena de 5G em Uberaba, no entanto, é a primeira a ser testada após o leilão da nova geração de rede de internet móvel no Brasil. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, destacou esse marco e salientou a capacidade de produção do país a partir da tecnologia.
“O agro brasileiro, com a tecnologia 5G, vai mostrar para o mundo que não faz desmatamento ilegal e que podemos duplicar nossa produção para ajudar o mundo, sem precisar de um hectare sequer a mais do que já utilizamos hoje. É uma atividade, hoje, fundamental e essencial”, defendeu o ministro.
A diretora de Apoio à Inovação para Agropecuária do Mapa, Sibelle Silva, explica que o 5G não se restringe à conexão no campo, já que o edital para participar do leilão dessa banda previu que as empresas ganhadoras da faixa de conexão se comprometeriam com contrapartidas fundamentais para o agro ao levar conectividade 4G para estradas federais e diversas localidades remotas.
“Portanto, o 5G tem dois aspectos que considero fundamentais para iluminação no campo. O primeiro é o acesso à internet 4G em áreas estratégias para o agro e o outro é a criação da mais moderna internet das coisas no meio rural. O 5G será uma mudança de paradigma, queremos antecipar o futuro do agro”.
Para conectar o agro à internet, o Mapa ainda conta com a iniciativa das Comunidades Conectadas, atendendo assentamentos, escolas e áreas rurais remotas. A tecnologia se dá via satélite aproveitando a estrutura de torres já existentes para a conexão de dados em banda larga a partir de faixa dedicada a essa transmissão com qualidade para locais de difícil acesso.
A perspectiva é que a conectividade satelital pelas Comunidades Conectadas chegue a 250 pontos em regiões brasileiras de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) a partir do satélite do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac). Os pontos estão distribuídos prioritariamente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Pela iniciativa, já foram instalados mais de 60 pontos nos estados de Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba e Sergipe.