A usina de Itaipu iniciou, na sexta-feira, 21, uma operação de 11 dias para garantir a navegabilidade do Rio Paraná a jusante da barragem e, por consequência, o escoamento da safra paraguaia de grãos, por meio de hidrovia. Segundo comunicado da Itaipu, o Rio Paraná enfrenta uma das piores estiagens da história.
A medida, que atende ao pedido feito pelo governo do Paraguai, foi negociada pelas chancelarias do país vizinho e do Brasil. O transporte fluvial é responsável por aproximadamente 80% do comércio exterior do Paraguai, diz a Itaipu.
A operação é coordenada pela Itaipu, Operador Nacional do Sistema (ONS) e Administración Nacional de Electricidad (Ande, estatal paraguaia). A vazão do Rio Paraná será regulada a montante da barragem e também com a contribuição do Rio Iguaçu, abaixo das Cataratas do Iguaçu. Portanto, não haverá desperdício de matéria-prima, já que a água liberada será turbinada e não escoada pelo vertedouro.
A liberação progressiva de água permitirá a elevação do nível do rio em quantidade suficiente para que os comboios de barcaças paraguaias, carregadas de grãos, possam atravessar a eclusa da usina binacional Yacyretá, a 480 km de distância de Itaipu.
Com isso, os produtos agrícolas paraguaios poderão ser colocados nos mercados internacionais até 31 de maio. São mais de 125 mil toneladas de soja e derivados parados há 50 dias.
“A janela (período de tempo) de água permitirá contar com a altura de 1 metro no hidrômetro de Ituzaingó (município argentino abaixo de Yacyretá), durante os dias 27 e 28 deste mês, suficiente para que os comboios carregados possam atravessar de maneira segura os pontos críticos identificados no Rio Paraná”, informou por meio de nota a chancelaria paraguaia.
É o segundo ano consecutivo que a navegabilidade do Rio Paraná é gravemente afetada por uma baixa histórica na vazão, em consequência dos efeitos do fenômeno La Niña.
Em 2020, a regularização da vazão do rio, abaixo de Itaipu, ocorreu por duas vezes. Todas as operações foram executadas mediante ajustes da operação do sistema regulador, por meio de mecanismos de cooperação e coordenação dos governos dos três países, particularmente de Itaipu e Yacyretá.