Uma propriedade do grupo Hora que tem mais de 30 mil cabeças de gado no município de Brasilândia, em Mato Grosso do Sul. São 11.500 matrizes. Mas por pouco todo este gado não foi substituído por outra atividade que parecia ser mais lucrativa alguns anos atrás.
Em 2009, houve o dilema do produtor. Transformar a área em uma plantação de eucalipto, ou então continuar com a pecuária. O caminho escolhido foi o melhoramento genético.
– A gente resolveu agregar valor. De que forma? Transformar este rebanho de Mato Grosso do Sul num rebanho Puro de Origem (PO) para que a gente possa fornecer genética para o mercado. Este trabalho começou em meados de 2010/2011, e agora em 2016, vai nascer a primeira safra de animais PO – conta o médico veterinário da Hora Agronegócio, Fábio Segabinazzi.
A reportagem acompanha um grupo de pecuaristas e da imprensa especializada em agronegócio. Todos vieram ver como é a transformação do gado de Inseminação Artificial (lA) em animais PO e quando a gente vê de perto, dá para observar detalhes que podem ajudar bastante. As letras gravadas na paleta do animal indicam qual touro é o pai de cada um. Walter Jorge Paulo Filho é pecuarista em Mato Grosso e vai adotar esta prática.
– Você identifica o touro que usou, os filhos. Então você pode saber qual indivíduo que está usando na sua progênie que está dando mais resultado. Que gera os animais melhores, sem ter que estar consultando toda hora uma caderneta para olhar. O animal de número tal, quem é o pai. Você acaba identificando rapidinho os indivíduos e comparando com os irmãos também que estão próximos – relata o pecuarista.
Uma genética apurada começa mesmo com pequenos gestos que fazem grande diferença no manejo, como por exemplo separar os animais em grupos. É o que é feito na propriedade do grupo Katayama.
– O grupo de manejo é um grupo que se forma de animais no nascimento e aqui na Katayama, por exemplo, os grupos são de 80 animais apartados: os grupos de bezerros machos e grupo de bezerros fêmeas. E estes animais são mantidos do nascimento a desmama e depois da desmama até o sobreano. Eles vão ter o mesmo ambiente em toda a fase de criação deles. E a diferença que dá de animais dentro deste grupo que é o mais homogêneo possível, reflete uma diferença genética. Isso é muito importante pra avaliação genética – explica médico veterinário Katayama Pecuária, Márcio Ribeiro Silva.
Gilson Katayama é um pecuarista que se orgulha do rebanho ter alcançado a precocidade sexual, com animais em estágio reprodutivo aos dois anos de vida, abaixo da média nacional que é de cerca de três anos. Porém, o objetivo agora é antecipar ainda mais esta precocidade.
– Para que o criador consiga atingir esta vida reprodutiva através de suas matrizes, dos animais jovens, com até doze meses de idade. Então este é o nosso objetivo. É o norte que nós temos tentado seguir em nossa seleção –pondera Katayama.
Tem muito pecuarista que quer saber como é feito o trabalho de melhoramento genético na fazenda dos outros. Por isso, este tipo de evento é importante, para conhecer as propriedades e principalmente, para poder ficar cara a cara com o gado e tirar todas as dúvidas
O pecuarista Nilson Arruda trabalha com a venda de reprodutores. Assim, ele fica conhecendo melhor o gado e tem a certeza do produto que vai oferecer aos clientes.
– Uma tranquilidade de fornecer este produto. Como eu vi do princípio e vi o resultado que existe hoje. E as ferramentes estão aí no mercado e tem que ser usadas – diz Arruda.