Um dos modelos meteorológicos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Nooa) aponta para possível continuidade da fase fria do oceano Pacífico, o chamado La Niña, até a primavera. A tendência é que o fenômeno diminua de intensidade até o meio do ano. Depois disso, ele deve aumentar novamente.
No entanto, o meteorologista da Somar Paulo Etchichury afirma que a previsão indicada pelo modelo ainda não está consistente, pois as condições climáticas atuais apontam para uma condição contrária.
“Nas últimas semanas, a fase fria (La Niña) se enfraqueceu na parte leste do Pacífico, enquanto se observa uma massa quente nas profundidades entre 50 e 150 metros no Pacífico oeste”, diz o especialista.
Porém, o especialista afirma que essa previsão não pode ser descartada, porque vem justamente do modelo meteorológico que antecipou a instalação do fenômeno no decorrer de 2020. “Recomendo aguardar pelo menos mais duas semanas”, pontua.
O meteorologista destaca que caso isso se concretize, não deve afetar o regime de chuvas no período úmido de 2021 sobre o Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e, principalmente, Norte. “Porém, a eventual continuidade do La Niña no decorrer de 2021 mudaria o cenário para o próximo período seco”.
Efeitos do La Niña para o agro
Entre os possíveis efeitos do clima nos próximos meses estão:
Invernada no Centro-Oeste e Sudeste, que pode atrapalhar os trabalhos de colheita da soja;
Bloqueio atmosférico que pode reter as chuvas no Sul e dificultar o avanço da colheita gaúcha em março;
Chuva irregular no inverno 2021, que prejudica os reservatórios e as lavouras de arroz no Sul;
Possível atraso nas chuvas durante a primavera de 2021 na região central do país.