Foram as lavouras de milho do Meio-Oeste americano que apresentaram nos últimos anos os maiores ganhos de produtividade. Se na década de 60 e 70 produziam em média 4,862 mil quilos por hectare, hoje não é difícil encontrar áreas com rendimentos de até 9 mil quilos por hectare.
Na área de 1,9 mil hectares da propriedade da família Favre, no Estado de Illinois, 80% são cultivados com milho e o restante com soja. O produtor Roger Favre conta que os americanos conseguiram esse salto de produtividade graças a uma combinação da pesquisa,da escolha correta de plantas e fertilizantes e também do uso racional de todos os insumos utilizados para produzir uma saca de grão.
O uso da biotecnologia é um outro diferencial nas lavouras do Meio-Oeste americano. Grande parte dos produtores utilizam os transgênicos. Em uma lavoura de milho, por exemplo, é possível fazer o plantio usando sementes com até quatro genes.
Com toda essa tecnologia os americanos conseguiram controlar grande parte dos problemas que comprometiam o desenvolvimento das plantas. Mas o que os produtores mais querem atualmente vai chegar em breve ao mercado.
O produtor de sementes Adam Watson recebeu em sua propriedade o grupo de agricultores de Mato Grosso e do oeste da Bahia. Durante a visita contou a eles que esse verão foi muito quente e seco e que poderá ter uma quebra de até 25% na lavoura de milho. Por isso ele aguarda ansioso a chegada ao mercado de uma variedade de semente que seja tolerante a seca.
O produtor acredita que ganhar produtividade através de um melhor aproveitamento da água pela planta vai ser um grande beneficio para quem produz. Ele afirma que a pesquisa está usando a realidade local para resolver esse problema.
A biotecnologia que já contribuiu para aumentar a produtividade nos Estados Unidos está sendo usada também em favor do meio ambiente. Como no Brasil, o governo americano, cobra constantemente dos produtores práticas mais sustentáveis na produção de grão.
O professor na Parkland College, Larry Thurow, revela que as restrições atualmente estão mais associadas ao uso de fertilizantes e pesticidas, mas que recentemente as autoridades começaram a exigir que as colheitadeiras não liberem pó e restos de culturas durante a colheita em áreas que estejam próximas a centros urbanos.
Se até aqui os sistemas de produção americano e brasileiro são semelhantes apenas com diferenças nas produtividades, quando o assunto é logística, as diferenças se acentuam. A primeira delas é a existência de silos em grande parte das propriedades. Mas o maior contraste está no escoamento da produção.
No Meio-Oeste é raro encontrar uma fazenda em que a rodovia não passe em frente a propriedade. Pioneiro no plantio de grão no Mato Grosso, o produtor Alaor Zancanaro se surpreendeu com o que viu.
? Eles tem cinco vias para poder tirar a soja. Dessas cinco eles tem por água, tem o trem que barateia muito o frete. É uma realidade muito diferente da brasileira ? aponta.
Para o produtor rural Adriano Piveta, que é proprietário de um dos maiores grupos produtores de grãos no Brasil, o que chama a atenção é a forma eles como conduzem seus negócios.
? A organização, o planejamento, a pontualidade, eles tem uma forma muito criteriosa, acho que isso é fundamental para que as coisas andem alinhadas. São pessoas simples. Eles mesmo conduzem seus negócios e isso é um ponto muito favorável ? analisa.
E assim como aprendeu na viagem aos Estados Unidos, Adriano Piveta, defende um intercambio maior com os americanos.
? É muito importante essa troca de experiências. Eles também vão aprender muito conosco ? conclui.
– Saiba mais sobre a série de reportagens especiais sobre a produção agrícola no Meio-Oeste dos Estados Unidos