Deputados se reuniram nesta terça-feira, 14, por videoconferência, com representantes de corretoras estrangeiras de investimentos que têm cobrado ações de preservação ambiental do governo brasileiro. Na conversa, os parlamentares deram mais detalhes do projeto de lei 2633, que prevê a regularização fundiária, e pediram apoio dos investidores estrangeiros na manutenção de fundos que estimulam a preservação do meio ambiente.
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O encontro aconteceu a pedido dos investidores estrangeiros. Depois de realizarem uma videoconferência com o vice-presidente Hamilton Mourão e parte dos ministros do governo Bolsonaro, na última quinta-feira, 9, os interlocutores sentiram necessidade de compreender melhor a proposta de regularização fundiária apresentada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O relator do projeto de lei 2633, deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), foi responsável por detalhar a proposta aos investidores. A reunião também contou com a participação do líder da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Ramos considerou a conversa “esclarecedora”. “Depois de muita desinformação, vai ficando claro que a aprovação do PL da regularização fundiária é instrumento fundamental de combate a grilagem e ao desmatamento”, afirmou.
Alceu Moreira disse ter admitido para os investidores que há falhas na gestão do governo federal em relação às pautas ambientais. Mas o deputado reforçou aos investidores que um dos caminhos para que o Brasil avance neste tema é a adoção de práticas de incentivo à preservação. Uma delas, a de pagamento por serviços ambientais, necessita de fundos e, portanto, a cooperação internacional seria crucial para a viabilização da proposta.
O líder da Frente Parlamentar Ambientalista também defendeu a necessidade de investimentos estrangeiros em outras frentes de ação pela sustentabilidade. “Para vocês, a ação mais simples pode ser o boicote aos produtos brasileiros. Mas um boicote terá apenas o efeito perverso de ampliar o problema. Precisamos e queremos sua ajuda. Para isso, é necessário separar o trigo do joio e investir em políticas públicas de combate ao desmatamento, em ações de comando e controle e que valorizem a floresta em pé, reflorestamento, e na inclusão dos pequenos produtores familiares e comunidades locais”, pontuou Agostinho para os interlocutores.
O líder da bancada do agro afirmou que apesar da reunião ter sido importante, ela não foi conclusiva. Moreira acredita que é necessário ter mais diálogos. “Nós da Frente Parlamentar da Agropecuária sentimos que nós precisamos trabalhar mais com as embaixadas dos países. Porque, nas embaixadas, com reuniões mais longas, é possível passar todo o conhecimento do tema que depois será repassado aos países. Assim como foi construída a desinformação sobre o agro brasileiro, nós temos que ter habilidade para reconstruir a confiança internacional. E isso não acontece do dia pra noite”, concluiu.