Vian participou de uma reunião com o Banco Central e o Ministério da Fazenda, onde afirmou a preocupação com a queda “bastante acentuada” dos depósitos à vista, que são a origem de parte do dinheiro do crédito rural.
– Se não tiver medidas urgentes para buscar fundings vai faltar dinheiro para essa safra – sublinha.
Ele calcula um déficit de R$ 10 bilhões em relação ao montante utilizado em 2014/2015. Conforme o diretor vários bancos já estão com suas carteiras fechadas e os que não estão devem fechar em breve.
Produtores de diversas regiões do Brasil reclamam da falta de liberação de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), destinado a ajudar pequenos produtores com custeio, investimentos e integralização de cotas-partes nas cooperativas de produção. A direção do Banco do Brasil (BB) em Brasília para esclarecer a situação. De acordo com o diretor de agronegócios da instituição, Clênio Severio Teribelli, os recursos estão disponíveis e o BB faz alocações mensais às agências, informando que, até o dia 5, os produtores acessaram R$ 11,9 bilhões em recursos, um aumento de 24,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Por mês, R$ 400 milhões são distribuídos entre as agências do banco, responsável pelo desembolso de 65% da quantia até junho deste ano.
– Nos temos todas as operações, que reuniram tecnicamente as características, não tem problema de recursos. Também temos margem para colher novas operações. Temos o cronograma e vamos obedecer esse cronograma – afirmou.
No ano passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de R$ 24,1 bilhões ao Pronaf no Plano Safra da Agricultura Familiar 2014/2015. O montante representa um aumento de 14,7% em relação ao disponbilizado no período anterior, com juros em 2%. O programa existe há 18 anos, oferecendo crédito a agricultores familiares, com juros variando entre 1% e 3,5% ao ano. Fontes do setor produtivo também relatam contingenciamento maior em relação aos outros anos quanto à liberação de recursos do Plano Safra da Agricultura Empresarial, que deve disponibilizar até o meio deste ano R$ 156,1 bilhões – alta de 14,7% sobre os R$ 136 bilhões da safra 2013/2014.
Problema eterno
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, classificou as dificuldades dos produtores em acessar crédito como “um problema eterno” e disse que o governo está sugerindo aos bancos que ofereçam crédito rotativo aos agricultores e pecuaristas que mantém, por anos consecutivos, a mesma atividade e não são inadimplentes.
– Se mudar de atividade, tudo bem começar tudo de novo, mas aquele que está há 10, 15, 20 anos plantando a mesma cultura, pagando suas contas em dia, então que isso possa ser facilitado especialmente pros médios, que são os que têm mais dificuldade de acesso – disse ela após participar de uma audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado.