Oferta restrita eleva os preços da arroba do boi

Margem de comercialização dos frigoríficos está em quedaA baixa oferta de carne bovina está puxando os preços da arroba do boi para cima. Embora a demanda de consumo interno também esteja fraca, é a restrição de oferta que comanda o mercado neste momento. A margem de comercialização dos frigoríficos caiu pela metade.

O boletim semanal da bovinocultura do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) afirma que o estado teve mais uma semana de preços firmes. A arroba do boi gordo fechou a R$ 131,13 e a da vaca gorda a R$ 123,60. Na comparação entre março deste ano e março de 2014, a arroba do boi valorizou 20,80% em Mato Grosso e 16,53% em São Paulo.

O Imea aponta que a baixa oferta da reposição mantém o preço do bezerro de ano firme, comercializado a R$ 1.237,10 a cabeça. A escala de abate em Mato Grosso também está restrita, seguindo na casa de 5,16 dias, devido à escassa oferta de animais. Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, as escalas atendem cerca de três dias, na maioria dos casos. Algumas indústrias ainda aguardam uma maior clareza do mercado para definirem as ofertas de compra. 

Margem estreita

Os dados da Scot Consultoria apontam queda nos preços dos cortes sem osso e pressão sobre as margens da indústria. A dificuldade é grande para vender produtos de maior valor agregado. Desde o começo do ano a desvalorização para os cortes de traseiro é de 8,7% enquanto o dianteiro acumulou alta de 6,6% no período.

Há um ano o frigorífico com a desossa tinha margem de comercialização de 19,0%, quase duas vezes maior que a atual, em 11,0%. As exportações também não têm ajudado. Em março, até a terceira semana, a média diária de embarques de carne bovina in natura foi 17,5% menor que a de um ano atrás.

Internamente o mercado espera até o final de 2015 uma inflação próxima dos 8,5% e retração de 1,0% na economia. As indústrias não apresentaram ganhos reais este ano com a venda de carne.

Oferta e demanda

A seca no início do ano comprometeu pastagens e contribuiu para a redução da oferta, já que interferiu na alimentação dos animais. De acordo com a Scot Consultoria, com a volta das chuvas em fevereiro e a consequente melhora na qualidade das pastagens, e os preços da arroba do boi gordo em alta, animaram os pecuaristas a repor o rebanho vendido. Porém, os patamares dos preços dos bovinos jovens têm sido um entrave.

Considerando a média de março em todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, o boi magro de 12 arrobas e o garrote com 9,5 arrobas tiveram altas anuais de 35,3% e 40,6%, respectivamente. Os preços do bezerro de ano com 7,5 arrobas e do desmamado com 6 arrobas subiram 48,7% e 49,6%, no mesmo período.

Diante desse cenário, o pecuarista deve se preocupar, já que o gasto com a reposição representa a maior fatia do custo da recria e/ou engorda. 

O analista da Scot Consultoria Alex Lopes aponta que a demanda interna para a carne bovina está fraca, resultado da diminuição do poder de compra dos brasileiros, que reduziram o consumo devido aos fatores econômicos atuais.

A tendência para este ano, de acordo com o Imea, é de que o mercado permaneça firme, pois o consumidor interno pode não absorver maiores valores no preço da carne e a oferta de bois não deve aumentar consideravelmente.

Já Lopes acredita que a oferta deve aumentar a partir de maio, quando os animais serão entregues e os preços voltem a baixar, estimulando a demanda pelo produto.

Edição de Gisele Neuls