O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou em entrevista nesta quarta-feira, 31, à Globo News, que é contra a tabela do frete e que em uma economia de mercado, a criação de pisos mínimos para o transporte rodoviário não é boa e não faz sentido. “Acho que boa parte dos (caminhoneiros) autônomos já percebem que o tabelamento foi um erro”, comentou.
Apesar disso, Freitas afirmou que uma possível ruptura do tabelamento não pode acontecer de maneira abrupta e que as recentes negociações entre os setores envolvidos se tratam de uma tentativa de ‘descolar’ a tabela do frete aos poucos. “Um trabalho de conscientização que talvez a gente avance agora”, disse.
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Desde a terça-feira, 30, o ministro tem se reunido com embarcadores, que são os contratantes de fretes, transportadores e caminhoneiros autônomos para tentar entrar em um acordo que favoreça todas as partes.
“O que nós propomos foi ao invés de ter a tabela, vamos fazer um estudo técnico para ver qual o custo do frete, que foi o estudo que a Esalq trouxe como referência, que está sendo mais ou menos aceita. Isso seria uma grande referência para o próximo passo, que é a negociação com o setor”, disse
Definindo a tentativa de acordo como um ‘esquadrão anti-bombas’, o ministro explica que a ideia é fazer com que os setores façam acordo por categorias, divididas em 11. “É pegar a turma do líquido e dizer: vocês vão definir o preço, vocês acertam o valor, assina um acordo e se resolvam”, afirmou.
A medida proposta pelo governo foi definida como uma tentativa de suportar qualquer tipo de declaração de inconstitucionalidade da tabela do frete. Isso porque em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI’s) sobre o caso. Os processos foram abertos pela Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR Brasil), que representa empresas transportadoras; pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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“A ideia é formar vários acordos. Estamos preparando o mercado para sair da tabela, é um trabalho de negociação e convencimento. Estamos desarmando isso lentamente” afirmou.
Alternativas
O ministro citou ainda que empresas criaram um mecanismo para se proteger do alto custo dos fretes: montar frota própria. Segundo ele, empresas que não toparam pagar determinado preço do frete resolveram buscar outras alternativas, o que é ruim. “Se eu tenho alguém que faz um serviço mais barato que eu, é melhor que eu e não é meu core business, eu terceirizo, mas a compra de caminhão foi um mecanismo de proteção”, relata.
A produtora de soja e milho Amaggi, da família do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, frigoríficos e até fabricantes de alimentos já fizeram investimentos do tipo.
Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas de caminhões no país somaram 39 mil unidades, alta de 47% ante igual período de 2018. Os dados são Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entidade que representa concessionárias de veículos.