O produtor Milvo Zancanaro conheceu o mirtilo em 2001 por meio de um empresário da Argentina. No país vizinho a planta se adaptou bem e a produção por pé tem sido praticamente a mesma que da América do Norte, sua região de origem. Diante da valorização comercial da fruta, Milvo decidiu arriscar. Trouxe mudas da Argentina e fez uma plantação experimental a beira do lago da Usina de Itá.
– Pesquisamos o clima, variedades de plantas e tivemos um bom resultado em função do micro clima da Usina. Verificamos que essa era uma boa oportunidade de mercado em um segmento que tem um apelo interessante: a saúde – afirma.
Estudos indicam que consumir mirtilo reduz os níveis de colesterol e mantém o equilíbrio da glicose no sangue, o que diminui os riscos de ocorrência de doenças cardíacas e diabetes. Ele também é rico em antioxidantes que protegem o corpo contra várias outras doenças.
– Falaram tanto do mirtilo que viemos conhecer e também levar um pouco – conta o aposentado Nelson Angnes.
O funcionário público Renato Viegas mora no Rio de Janeiro. Sempre que vem a Itá visitar o filho compra mirtilos. Desta vez está levando 15 quilos.
– É um fruto maravilhoso, muito gostoso, saboroso e que tem várias funções nutritivas também – conta.
Atualmente a propriedade de Milvo conta com 32 mil pés de mirtilo, que ocupam 13 hectares. A colheita da fruta no Brasil é realizada do início de outubro até o final de dezembro. E a expectativa do produtor este ano é colher 25 toneladas, seis toneladas a mais que no ano passado.
Mais de 90% da produção segue para São Paulo, onde é feita a distribuição para as capitais dos Estados do Sul e Sudeste do país. Antes os frutos são selecionados, processados, e depois colocados em embalagens de 100 gramas. Tudo isso em um ambiente em que a temperatura não passa de 15ºC.
Uma caixa de um 1,2 gramas de mirtilo chega a custar R$ 100,00 nos supermercados. Ainda assim, as vendas não param de crescer.
– O mercado tem crescido bastante. Os concorrentes também têm produzido mais em função disso, mas não temos dificuldades de colocar o produto – relata.
O mercado de mirtilo é tão positivo que a empresa de Milvo está aberta a parcerias com agricultores e empresários que desejam investir na atividade. A intenção é evitar que as prateleiras dos supermercados fiquem vazias diante do aumento da procura pelo produto. Mas o produtor alerta que o cultivo da fruta não é tão fácil.
– É uma planta que requer muitos cuidados e alta tecnologia – explica.
Incluindo as mudas e a preparação do solo, o custo por hectare gira em torno de R$ 50 mil. Além disso, é preciso fazer duas podas de condução por ano, e a irrigação das plantas também interfere diretamente na qualidade da fruta.
– A irrigação tem que ser constante e o sistema não pode falhar. Mas a água também não pode acumular na planta. As doses têm que ser homeopáticas – aponta.
Além de Itá, outro município catarinense que tem se destacado na produção de mirtilo é Bom Retiro, na serra. A fruta também é cultivada em alguns municípios gaúchos.