Dos 5.570 municípios brasileiros, 1.536 (27,57%) registraram ocorrência de javalis até 2018, aponta o último relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Oficialmente, esses animais só não causaram problemas nos estados de Alagoas, Amapá, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe.
Em Santa Catarina, 123 municípios já tiveram problemas com javalis, que tiram o sono, principalmente, dos produtores rurais. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), não há estimativas oficiais, mas, estima-se que circulam 8.000 animais no estado.
A entidade aponta que as regiões da serra e meio oeste concentram a maioria dos prejuízos à agricultura. Esses animais costumam atacar e destruir lavouras, especialmente de milho e soja, e pastagens. Além disso, os javalis também representam risco à suinocultura, pois podem carregar doenças.
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“Os javalis são um caos para a agricultura e pecuária, além dos campos nativos. Eles destroem as produções e causam insegurança sanitária. A situação no estado é preocupante, porque a procriação desses animais é muito rápida, o que exige medidas na mesma velocidade para não deixar a situação fugir do controle”, afirma o vice-presidente de finanças da Faesc, Antônio Pagani de Souza.
Ocorrências envolvendo javalis em Santa Catarina
Os municípios de Braço do Norte, Itá e Seara foram classificados com prioridade extremamente alta, muito alta e alta, respectivamente, para a prevenção da ocorrência de javalis.
Sob a análise ambiental, preocupam mais as situações dos municípios de Catanduvas, Morro Grande, Passos Maia, Ponte Serrada, Rio dos Cedros, Rio Rufino, São Joaquim, Timbé do Sul, Treviso, Urubici, Urupema e Vargem Bonita.
No aspecto socioeconômico, estão com problemas no controle populacional os municípios de Abdon Batista, Bom Jardim da Serra, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Dona Emma, Formosa do Sul, Lages, Presidente Getúlio, São Joaquim, Urubici e Zortéa.
Já Seara e Itapiranga estão classificados com prioridade extremamente alta e muito alta no aspecto sanitário.
Ações para controle de javalis
A Faesc destaca que além dos prejuízos nas lavouras, a maior ameaça é sanitária. “O contato entre criações domésticas e comerciais com populações de vida livre tem especial importância quando se trata de doenças transfronteiriças, de notificação oficial internacional e que podem resultar em restrições ao comércio internacional, como peste suína clássica, peste suína africana, doenças das quais o estado é livre”.
O segundo Batalhão de Polícia Militar Ambiental de Chapecó, em parceria com entidades, desenvolve o “Projeto Piloto Javali: Chapecó” para fazer o levantamento da presença de javalis e javaporcosnas propriedades rurais, além do registro dos danos causados pelos animais durante o plantio de cada safra.
De acordo com o comandante, tenente-coronel Adair Alexandre Pimentel, o projeto visa potencializar o controle populacional do javali e javaporcos na região de atuação do Sindicato Rural de Chapecó, através de força-tarefa formada por clubes de tiro, entidades de classe, universidades, instituições governamentais e empresariais.
“Criamos um site para que os envolvidos tenham acesso à todas as informações do projeto. Nele, os funcionários do ICASA preenchem um questionário feito com os agricultores para obter as informações de avistamentos ou danos causados e essas informações seguem para a Aurora Alimentos, a qual constrói mapas georreferenciados, que direcionam as ações do projeto. A partir destes mapas, promovemos palestras e reuniões no campo para orientar os produtores rurais sobre o controle da espécie e aproximar os proprietários rurais das instituições e dos controladores. Também apoiamos a Cidasc nas fiscalizações de criadouros irregulares, com objetivo de proteger nosso meio ambiente, diminuir prejuízos no campo e manter o status sanitário do estado”, detalha o comandante.
É permitido caçar?
O comandante da Polícia Militar Ambiental de Lages, Marco Antônio Marafon Júnior, destaca que o estado possui Controladores Atiradores Caçadores (CAC) habilitados pelo Ibama para caça dos animais. São clubes de tiro e pessoas físicas com registro de posse de armas e autorizadas pelos órgãos ambientais para fazer o abate dos javalis nas propriedades. No entanto, além da habilitação que pode ser feita pela internet junto ao Ibama e presencialmente nas Polícias Ambientais, os “caçadores” também precisam da autorização dos produtores para entrarem nas propriedades.
“Recebemos muitas reclamações de agricultores que tiveram as propriedades invadidas para caça, sem autorização prévia, o que não é permitido. Só neste ano, tivemos mais de 100 armas irregulares apreendidas aqui na região. É importante ressaltarmos que não se trata de caça esportiva e sim de controle de espécie exótica invasora, que tem princípios, diretrizes e objetivos distintos”, ressalta Marafon.
O comandante afirma que os animais abatidos devem ser enterrados nas propriedades e a orientação dos órgãos ambientais é para que não sejam consumidos, pela insegurança sanitária.